Abrossexualidade: o que é a orientação sexual que viralizou no TikTok
O termo voltou a fazer sucesso nas redes sociais após jovens relatarem que se identificam com essa orientação sexual
atualizado
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Nas redes sociais, um novo termo tem chamado a atenção, com pessoas relatando se enxergarem com uma sexualidade pouco explorada: a abrossexualidade.
A quem não sabe, ela se caracteriza pela atração por diferentes gêneros, variando conforme o momento e o estado emocional da pessoa ao longo da vida. No TikTok, usuários compartilham suas experiências nessa orientação descrita como “fluida”, ou seja, com a atração sexual e afetiva mudando com o tempo.
De acordo com Liliany Souza, psicóloga clínica e pesquisadora em gênero e sexualidade pela Universidade de Brasília (UnB), a abrossexualidade é uma espécie de plasticidade e fluidez da orientação sexual.
“Em um momento, eu tenho uma identificação com uma orientação sexual; em outro momento, outro. E também tenho uma facilidade em transitar entre as diferentes orientações sexuais”, exemplifica a profissional.
Isso significa que uma pessoa abrossexual pode sentir atração por homens em um período de sua vida e, na sequência, por mulheres, sejam cis ou trans.
O termo abrossexualidade surgiu para descrever uma experiência de atração que não é fixa.
“No fundo, a sexualidade humana é fluida por si só. Freud dizia que todas as pessoas nascem bissexuais no sentido de que todas as pessoas têm uma potência da libido para se atrair sexualmente por qualquer gênero. O que vai modificando ao longo do tempo é o entendimento que a pessoa vai ter de si e o entendimento que ocorre dentro de uma cultura”, aponta a especialista.
“Agora, tem se falado muito sobre a diversidade humana e da sexualidade e, por isso, acredito que tanto esse termo da abrossexualidade quanto outros que não existiam antes passaram a ser reconhecidos como existentes, e foram nomeados”, emenda a pesquisadora.
Fluidez tem virado assunto nas redes
Um dos casos que viralizou nas redes sociais foi o relato da jornalista canadense Emma Flin, que descreveu a descoberta de sua abrossexualidade em um artigo publicado no jornal Metro.
Emma relatou que levou 30 anos para se entender por completo. Ela explicou que, antes de se identificar como abrossexual, sentia-se como se estivesse à deriva.
Na visão da especialista, isso acontece por conta, também, da questão cultural. “Quando uma pessoa nasce dentro de um contexto, por exemplo, extremamente religioso, rígido e controlador, pode se identificar como heterossexual pela pressão heteronormativa da cultura. Aí, com o passar do tempo, se identifica como bissexual e, por fim, como gay.”