Porchat critica atitudes de Bolsonaro durante pandemia: “Mente diabólica”
No Roda Viva, humorista também argumentou que o atentado ao Porta dos Fundos, no ano passado, não teria ocorrido em outra gestão
atualizado
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Convidado para uma entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, o humorista Fábio Porchat falou sobre o momento difícil para o humor no Brasil e teceu críticas às atitudes do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) frente a pandemia do novo coronavírus, que causa a Covid-19.
Para o ator, o líder do Planalto tenta, a todo momento, manipular a opinião das massas e se apropria do fato de que a população está vulnerável.
“Quando vem uma mente diabólica do mal para controlar essas pessoas, ele consegue pegar essa massa de manobra que é a nossa população, que sou eu, que é você, com a maioria de uma população pouco instruída. Então as pessoas estão muito carentes, elas precisam de qualquer coisa. E se qualquer coisa for a vacina que vai transformar em jacaré, então tá bom”, argumentou ele ao relembrar a afirmação recente do presidente Bolsonaro sobre efeitos da vacina contra a Covid-19.
Ainda criticando o líder do Executivo, Porchat afirmou que para atingir Bolsonaro é necessário “nivelar o debate por baixo”. “Quando a gente fala assim: ah, o presidente é genocida. O que é genocida? Ninguém sabe o que é genocida, o que é fascista, ninguém sabe o que é um nazista.”
E diz ter a teoria de que as pessoas não têm que chamar o presidente de genocida, porque isto não o atinge, nem aos seus apoiadores. “Não tem mais que chamar o Bolsonaro de genocida, tem que chamar: o Bolsonaro tem pau fino. Porque daí chega nele, é o que ele entende. Ele nivela o debate por baixo”, brincou.
"É muito interessante sair da própria bolha e mergulhar no Brasil de verdade", diz @FabioPorchat no #RodaViva. pic.twitter.com/LXuZgj00xx
— Roda Viva (@rodaviva) December 22, 2020
“Milicianos da fé”
Ao falar sobre o atentado ao Porta dos Fundos, ocorrido no ano passado, Porchat disse que um crime do tipo não teria ocorrido em outro governo. “Em outros anos já havíamos feito [o especial de Natal], e nunca aconteceu. Mudou o governo, entrou essa gente louca, que se diz religiosos e não são.”
E afirmou que o ato foi provocado por “milicianos da fé. “O que ficou claro é que foi um ato isolado de fundamentalistas, milicianos da fé, guardiões de prefeitos, incentivados e apoiados por um governo que gosta de agredir.”
Caso Melhem e assédio no humor
Na roda de conversa, o humorista também comentou o caso de Marcius Melhem, acusado por atrizes de assédio sexual. Porchat reconheceu que ele mesmo já “constrangeu” mulheres ao longo da vida, sem saber que se tratava de assédio.
O ator disse que fez piadas e já “deu em cima” de funcionárias. “Ao longo da minha vida com certeza eu assediei, constrangi, fiz piada, dei em cima de funcionárias minhas. Eu nunca estuprei, obriguei, nada. Estou falando de um assédio de constranger.”