Amim Khader expõe mazelas e bizarrices dos bastidores do Rock in Rio
O promoter trabalhou nas três primeiras edições do festival e garante: “Conheci todo tipo de artista e não voltaria, não”
atualizado
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Sempre por dentro do mundo dos famosos, Amin Khader já passou muito perrengue com artistas, sobretudo durante as três primeiras edições do Rock in Rio no Brasil. O promoter, em entrevista ao colunista Leo Dias, do portal UOL, revelou bizarrices e até ataques de fúria que protagonizou nos bastidores do festival.
Em 1985, na primeira edição do Rock in Rio, Amim foi convidado para servir cantores durante o evento. “Eu nem acreditei, tinha acabado de comprar aquelas cartelas para ganhar ingressos de sorteio para o festival e, de repente, me chamam”, contou ao jornalista.
“Os camarins ficavam no subsolo e lá trabalhavam eu e mais oito garçons apenas, atendendo todos os artistas do festival. A infraestrutura era outra. O primeiro Rock in Rio deixou todo mundo na lama, todo mundo afundou na lama”, declarou Amim.
Ele contou, ainda, que os artistas nacionais só passaram a tomar whisky nos camarins por causa dos estrangeiros, que tinham esse hábito. “As bebidas ficavam numa geladeira de isopor com gelo. Os carpetes ficavam molhados, tinha aquele cheiro de mofo, nós precisávamos limpar toda hora”, disse.
Amim também entregou que já houve quebradeira nos bastidores. Freddie Mercury teria sido responsável pela balbúrdia por não querer dividir os corredores com brasileiros.
“Me lembro dele chegando de helicóptero. Ele perguntou quem estava nos corredores dos camarins, porque queria aquele espaço todo livre. Pediu cinco minutos para deixar todo o corredor livre. Fiquei maluco […] Cheguei no corredor e fui pedindo para ninguém ficar lá. Um pedido inusitado dele, né?”, desabafou.
Segundo o ator, Mercury “passou com aquela pose de superstar”, mas foi chamado de “bicha” pelos cantores brasileiros. “Ele perguntou o que estavam falando dele e eu disse que era um elogio. Não adiantou, ele sacou que era algo errado, entrou no camarim e quebrou tudo. Jogou tudo pro alto. Ficou indignado. E eu tive que deixar tudo arrumado de novo pra ele. Fiquei desesperado e achei que tinha perdido meu emprego, mas a família Medina mandou repor tudo e ficou tudo bem. Nunca mais esqueci disso”, relatou.
Já os serviços com o cantor Prince, em 1991, tinham um viés para lá de inusitado. “Ele deu uma ordem bem clara. Toda vez que ele passasse pelos bastidores todos deveriam virar de costas para não o ver. Sabe por que? Ele chegou de bobs no cabelo, correndo. E não queria ser visto”, contou.
Segundo o artista, Prince “pediu 200 toalhas em pleno domingo à noite. Tive que ir de motel em motel na Barra da Tijuca pedindo as toalhas todas emprestadas. E ele jogava as toalhas para plateia, os bateristas queriam levar as toalhas embora, e eu tive que tomar de volta pra devolver pros motéis”.
Mas nem tudo é marcado por horrores, como deixou claro Amim, que — juntamente com faxineiros e seguranças — foi convidado para um jantar com Axl Rose. “Preparei uma mesa enorme, farta, e comemos tudo com ele, brindando, por volta das 3h da madrugada. Também me surpreendi com Ozzy Osbourne. Todo mundo dizia que ele comia morcego, fiquei apavorado. Que nada! Ele é careta, um Roberto Leal da vida. Tomava chá, comportado. Não fez nenhuma loucura”, contou a Leo Dias.
Os anos de experiência no Rock in Rio, cuja próxima edição começa a partir de sexta-feir (27/09/2019), renderam a Amir asco. No bate-papo, ele afirmou que não voltaria a trabalhar no evento musical.
“Não faço de jeito nenhum. Trabalhei com a Gal Costa por muitos anos, servi a ela mais de 2 milhões de cafezinhos, em 29 anos trabalhando juntos. Mas hoje eu não quero mais isso. Não quero mais trabalhar servindo ninguém. Hoje eu estou cansado, não faria tudo isso de novo não. Aprendi muito, demais. Conheci todos os tipos de artista, mas não voltaria, não”, concluiu.