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Vídeo: advogado de Pablo Marçal oferece “ajuda” para enterrar denúncia

Câmera escondida: em vídeo, advogado de Pablo Marçal faz proposta a denunciante que foi à polícia e registrou ocorrência contra o empresário

atualizado

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Pablo Marçal advogado Tassio Renam
1 de 1 Pablo Marçal advogado Tassio Renam - Foto: null

Advogado de Pablo Marçal, Tassio Renam ofereceu “ajuda” para “colocar uma pedra” sobre a denúncia feita por Luiz Gabriel Godoy contra o empresário, que é pré-candidato a prefeito de São Paulo. Godoy registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil em 28/5 e ingressou com uma ação na Justiça pedindo a responsabilização de Marçal.

Integrante do reality show La Casa Digital 3, Godoy se diz alvo de agressões físicas, ofensas verbais e humilhações pela equipe do programa, que foi idealizado, organizado e apresentado por Pablo Marçal, em maio. O participante também afirma ter sido exposto a situações de risco em meio às gravações.

A coluna teve acesso a um vídeo que registra o momento em que o advogado de Pablo Marçal tenta demover Godoy de prosseguir com a queixa na polícia e com o processo judicial. Nele, é possível ver que Tassio Renam liga por videochamada para o ex-integrante do reality. E, sem saber que estava sendo gravado, diz que foi acionado por Marçal para “resolver” a questão.

“Primeiramente, em nome do Pablo, eu quero te pedir desculpas por qualquer coisa que tenham te feito ou por qualquer ofensa que tenham te proferido. Jamais foi a nossa intenção. Nosso negócio aqui é realmente o bem das pessoas. Então, qualquer coisa que fizeram foi sem a nossa anuência, sem o nosso conhecimento”, disse o advogado no início da ligação.

Logo em seguida, ele oferece uma “ajuda” ao ex-participante do programa. “Eu queria começar já realmente colocando uma pedra nesse assunto e verificando no que é que a gente consegue te ajudar. Eu sei que você já falou com algumas pessoas, de forma que eu só entro na situação para realmente resolver. E eu quero ver como a gente resolve a sua situação. Eu sei que você está com advogado, mas eu acredito que a gente não precisa envolver isso aí. Até para você não ter uma perda de alguma coisa que a gente consiga combinar”, diz Renam.

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“Ah, Tassio, é complicado, cara. Eu não sei, assim, quando você fala em resolver, porque eu tentei conversar com a Aline, com o Diego [também advogados de Marçal], expor tudo o que tinha ocorrido de uma forma bem honesta, bem branda com eles. Não tive atenção nenhuma, pelo contrário. Foi toda hora: ‘Ah, se você falar alguma coisa, a gente vai te processar por causa do contrato’. Então eu tive que seguir o meu coração e fazer o que eu acho que a lei determina”, respondeu Godoy.

“Nada pessoal, mas fatos que ocorreram dentro do programa. Eu acredito na índole, de verdade, de vocês. Não engloba todo o ecossistema e vocês sabem analisar o que é certo e errado, onde houve erro e onde não houve. Agora, eu não consigo te falar uma forma de resolver isso aí, irmão, de verdade. Deixei na mão do advogado, na mão da Justiça, para seguir por lá”, diz o autor da ação.

Tassio Renam continua a conversa insistindo para que o ex-participante do reality desista do processo contra Marçal. “Eu acredito que a gente não precisa ir por esse lado. Se você achar que realmente esse é o lado, a gente vai para o tribunal e, modéstia à parte, eu sou o advogado titular do grupo e eu não costumo perder nenhuma [causa]”, ameaça.

“Mas eu acho que a gente não precisa ir por esse lado, entendeu? Acho que a gente consegue fazer uma composição. É só você me falar: ‘Olha, Tassio, eu tenho isso aqui, eu acho que seria mais ou menos por isso aqui’. E a gente vê se tá na minha alçada de disposição ou se tem que resolver com alguém. Eu sou a ponta do ecossistema, então, assim, eu realmente gostaria de ouvir de você ‘Olha, Tassio, para mim, resolver meu problema seria isso’. E aí, com base nisso, a gente vai desenvolvendo um diálogo, entendeu?”, continuou Tassio Renam.

“Eu não sei, Tassio. Eu fui pego de surpresa com essa sua ligação. Eu preciso realmente falar com o meu advogado. Você me dá aí…”, explica Godoy, antes de ser interrompido pelo advogado. “Deixa eu te adiantar. Eu sei que você foi lá, fez o boletim de ocorrência. Não tem qualquer outra ação protocolada nesse sentido. Então, assim, eu até respeito que você precise consultar ele, mas eu acho que não precisa, entendeu?”

“Minha ação está pronta, na verdade. Minha ação na área cível, contando todos os detalhes, inclusive com provas”, rebateu o ex-reality. “Sim, mas não está protocolada. O que vale é o protocolo”, replicou Renam.

“Me dá um tempo para eu ligar para ele [o advogado]. Como eu coloquei na mão dele, eu também não posso agora tomar uma decisão, falar por ele”, afirma Godoy. Nesse momento, Tassio Renam conta que já chegou a “pesquisar o perfil” do advogado do ex-participante do La Casa Digital.

“Sem querer envolver ele, eu já sei. Eu já pesquisei o perfil dele e eu já conheço. É o cara que vai querer te vender um mundo que não existe. Eu quero fazer um negócio que realmente faz sentido para você e para mim”, diz Renam. Godoy então pede “meia hora”, para entrar em contato com seu advogado, e encerra a ligação.

Vídeo anexado

O vídeo com a conversa foi anexado à ação de indenização por danos morais apresentada por Godoy na 1ª Vara da Comarca de Serra Negra (SP). Na petição, Godoy afirma que, logo no dia da apresentação do grupo, 4 de maio, ele e outros participantes gravaram vinhetas e comerciais do programa das 9h às 15h sem receber qualquer alimentação.

Segundo a denúncia, Godoy e outros integrantes tiveram que assinar o contrato de participação sem ler o documento. A ação relata que uma funcionária de Marçal “não deu tempo para o Requerente [Godoy] e demais candidatos que estavam recebendo o documento naquele momento lerem o conteúdo do acordo e quais as partes envolvidas bem como quem seriam as partes responsáveis, a mesma informou que o Requerente e demais participantes teriam que apenas assinar rapidamente pois Pablo Marçal iria conversar com os participantes e quem não assinasse imediatamente deveria sair do programa”.

A organização do programa também não entregou nenhuma cópia do contrato aos participantes. “Inclusive, até o presente momento, a equipe do Requerido [Marçal] se nega em apresentar o contrato assinado, o qual o Requerente foi proibido de ler seu conteúdo, sendo que evidentemente sofreu pressão para assinar o documento, pois a Equipe do Pablo Marçal não permitiu, em nenhum momento, a análise do documento que deveria conter as regras do programa”, diz a defesa de Godoy.

Godoy alega ainda que a publicidade de Marçal referente à terceira edição do programa mostrava a premiação em dinheiro entregue aos vencedores das edições anteriores, sendo R$ 50 mil para o vencedor da primeira edição e R$ 1 milhão para o vencedor da segunda. Para a terceira edição, porém, não estava prevista premiação em dinheiro.

“Naquela conversa, o Requerido, em nenhum momento, informou que não teria uma premiação em dinheiro para o vencedor. Essa informação foi omitida durante todo o reality pelo Requerido e demais organizadores, além de alguns participantes que foram comunicados antes e não informaram o Requerente e demais participantes que não sabiam dessa informação”, diz Godoy.

R$ 200 mil

Depois da conversa com o influenciador, os 37 participantes foram levados aos locais [três pontos diferentes] onde ficariam hospedados, ainda sem se alimentar. Godoy foi levado à chamada Fazenda Toscana, a duas horas de ônibus do local em que ocorreu a apresentação dos participantes.

“Ao chegarem à fazenda, visualizaram um cenário totalmente oposto do anunciado como ‘a casa mais famosa do digital’, o local estava uma desordem, havia pessoas limpado e organizando o local e os participantes tiveram que deixar as malas em uma sala toda suja e empoeirada. Além disso, em um dos quartos estava sendo montada uma cozinha improvisada e naquele momento não havia sequer água para os participantes beberem, os quais estavam sem alimentação desde o início do confinamento”, conta Godoy, na petição.

Entre as situações exaustivas e perigosas às quais foi exposto, Godoy cita uma sequência de 3 horas de exercícios todas as manhãs do confinamento, seguida de provas de grande desgaste físico. Não havia, segundo a ação, qualquer equipamento de proteção ou equipe de emergência nos locais das provas.

“Nenhum participante sequer foi submetido a qualquer tipo de exame físico ou cardíaco, como também não havia no local um médico, enfermeiro, salva-vidas, bombeiro ou qualquer profissional da saúde para acompanhamento, o que colocou a vida dos participantes em risco, uma vez que foi informado que o hospital mais próximo estava a mais de uma hora da Fazenda Toscana”, afirma o documento.

O ex-participante também relata que, a todo momento, eles eram incentivados a entrar em conflito com outros integrantes do grupo e sofriam ofensas verbais e humilhações dos “mentores” da equipe de Pablo Marçal.

“Durante as provas e os exercícios físicos, quando o Requerente ou qualquer outro participante mostrava dificuldade, os mentores praticavam ofensas, dizendo que eles eram fracos e não seriam ninguém na vida se não conseguissem realizar a prova ou os exercícios e continuassem reclamando sobre a situação à qual foram expostos, onde continuavam praticando livremente ofensas e humilhações contra o Requerente e os participantes”, conta Godoy.

Durante uma das tentativas de provocar a ira de Godoy, com a intenção de “desbloquear a mente” do participante e fazê-lo “entrar em contato com sua personalidade”, ao perceber que o método não estava surtindo efeito, um dos mentores chegou a agredi-lo fisicamente.

“Um dos organizadores, o sr. Rafael Francelli, atravessou a sala na frente dos outros participantes e desferiu um tapa no peito de Gabriel, puxou ele para cima, rasgou sua camisa e depois o empurrou, dizendo – ‘desliga a câmera aí, que vou mostrar pra ele como funciona aqui’, levou o Requerente para fora da casa com intensas ofensas dando-lhe socos na barriga e apertando seu braço, dizendo que Gabriel não era homem e não deveria estar ali e que iriam mostrar para ele o que acontece com gente como ele”, alega o ex-participante.

Na ação, Godoy pede o pagamento de indenização de R$ 200 mil por danos morais causados por Marçal, a retirada do ar de qualquer imagem sua publicada em qualquer canal do influenciador nas plataformas digitais e redes sociais sob pena de multa diária, além da apresentação do contrato assinado para participação no reality show.

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