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“Um choque”, diz brasileira barrada em hostel por ter mais de 40 anos

A brasileira Marcia Reis conta que começou a viajar para “fugir” de uma depressão e diz ter vendido seus pertences para ir à Europa

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Mochileira etarismo
1 de 1 Mochileira etarismo - Foto: Reprodução

Brasileira, moradora de Resende, no Rio de Janeiro, Marcia Reis viveu recentemente uma situação que seria desesperadora para muitos. Ela se viu sem alojamento em um país estrangeiro, com recursos limitados e sem saber falar inglês ou a língua local. O motivo de ter a hospedagem negada em um hostel na Bélgica, como a coluna mostrou, foi o que mais incomodou a viajante: sua idade. O estabelecimento só recebia hóspedes com até 40 anos de idade e Marcia tem 60.

“Foi um choque. Foi a primeira vez que passei por uma situação assim”, relatou Marcia Reis à coluna. “Eu não me atentei que aqui nesse hostel não recebe gente com mais de 40 anos. Então a coroa mochileira aqui não pode ficar no hostel porque ela tem 60 e eles só recebem até 40. Já estava pago. Tive que solicitar o cancelamento”, disse a mochileira em um vídeo sobre o caso publicado em suas redes sociais.

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Mochileira é autora de um livro sobre suas viagens
Marcia conta que tenta inspirar outras pessoas a seguir seus sonhos
Mochileira defendeu projeto de lei que combate o etarismo no Brasil
Marcia Reis percorre a Europa desde março
Marcia Reis registra suas viagens em seu perfil nas redes sociais
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A brasileira Marcia Reis, lamentou caso de etarismo na Europa, mas admitiu não ter lido "as letras miúdas"

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Mochileira é autora de um livro sobre suas viagens

Brasileira, Marcia Reis fez relato sobre etarismo
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Marcia conta que tenta inspirar outras pessoas a seguir seus sonhos

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Mochileira defendeu projeto de lei que combate o etarismo no Brasil

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Marcia Reis percorre a Europa desde março

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Marcia Reis registra suas viagens em seu perfil nas redes sociais

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Viajante brasileira cobrou mais atenção com casos de etarismo

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Marcia Reis, a Coroa Mochileira, diz ter vendido móveis de casa para ir à Europa

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Em contato com a coluna, Marcia Reis defendeu o projeto de lei que, no Brasil, pretende instituir o Programa Nacional de Prevenção ao Etarismo, a discriminação de grupos e pessoas em razão da idade. O projeto tramita nas comissões permanentes da Câmara dos Deputados.

“Eu concordo, não só com a questão de hostel. Eu que viajo ficando em hostel, a gente sente isso, mas as agências de viagens às vezes não têm um guia que entenda que a pessoa mais velha vai na trilha, consegue fazer, ela não está morta, não é isso, mas não tem mais o pique de uma pessoa de 20 anos. Não adianta ele querer impor esse tipo de ritmo numa trilha. Eu super concordo [com o projeto de lei]. Acho que todo mundo tem direito. O hostel, por exemplo, se ele é um ‘party hostel’, em qualquer plataforma de viagens que for, ele tem que dizer que é um ‘party hostel’. Tem que estar claro, tem que estar legível, tem que estar logo no começo. E a pessoa define o que ela quer”, sugeriu.

A experiência em viagens foi o trunfo de Marcia no revés sofrido na Bélgica. Aposentada do setor industrial e do serviço público aos 51 anos, a brasileira decidiu aos 56 que queria “fugir” de uma depressão.

“Sem nunca ter viajado só, me lancei no desconhecido mundo das viagens de mochila. Descobri que a idade não era impedimento para viver novas aventuras”, contou a Coroa Mochileira, como se identifica nas redes sociais.

“Substituí a mala de rodinhas por uma mochila e fui trocar hospedagens por trabalho em hostels, aprender a usar aplicativos de carona, dividir a ‘janta’, fazer novas amizades, conhecer novas culturas e até ensaiar o aprendizado de uma nova língua. Aprender a encontrar soluções para os problemas que apareciam. Amar o inesperado de uma viagem onde o planejamento financeiro está apenas no primeiro destino e depois deixo fluir”, disse Marcia.

As viagens já renderam um livro, intitulado Aventuras de Mochila, onde conta algumas das situações vividas com o pé na estrada. Em seu perfil no Instagram, que conta com mais de 38 mil seguidores, ela relata seu dia a dia nos lugares que visita. No entanto, Marcia diz não considerar as viagens como um projeto.

“Eu considero que hoje virou mais uma missão: inspirar o máximo possível de pessoas, homens, mulheres, jovens e mais velhos, a buscar seus sonhos. Mostrar que, se eu posso, outras pessoas também podem. Uma mulher, sozinha, com pouco dinheiro, que foi em busca dos sonhos. Eu acho que virou meio que uma missão, de inspirar as pessoas, servir mostrando que dá para fazer, dá para ser feliz vivendo com pouco e se divertindo muito”, afirmou.

Marcia contou que, para a viagem à Europa, onde está desde março, chegou a vender praticamente todos os móveis de casa. “O planejamento, na realidade, foi só no comecinho. Depois, foi só um impulso desesperador de viajar e conhecer o máximo de coisas que eu pudesse. É claro que, para vir para a Europa, eu passei um ano juntando dinheiro, vendi um monte de coisas que eu tinha. Praticamente não tenho mas nenhum móvel dentro de casa. Mais nada. Estou morando com as filhas para poder ter dinheiro para viajar aqui pela Europa”, disse.

“Mas o mais difícil foi aprender a lidar com a saudade de casa e das pessoas que amo. Aprender a lidar com a solidão. Às vezes ela aparece e ataca meu coração. Mas deixo ficar só um pouquinho. Logo mando ela pra longe e lembro de tudo que já vi e vivi e agradeço a Deus por mais um dia, mais uma oportunidade de viver e conhecer pessoas e lugares maravilhosos”, avaliou a viajante.

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