metropoles.com

Três juízes são afastados de processo que definirá destino de bilhões

Corregedoria pediu afastamento de comissão que atuava no processo de falência da Laginha; juíza é suspeita de beneficiar filhos de promotor

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
Juíza afastada Laginha Emanuela Porangaba
1 de 1 Juíza afastada Laginha Emanuela Porangaba - Foto: Reprodução

Os juízes Luciano Andrade de Souza, Emanuela Bianca Porangaba e Gilvan de Santana Oliveira foram afastados do bilionário processo de falência da Laginha Agroindustrial, que pertencia ao empresário João Lyra, ex-deputado federal e pai de Tereza Collor.

O afastamento de Luciano Andrade e Gilvan Santana, determinado nesta sexta-feira (14/6) pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), desembargador Fernando Tourinho de Omena Souza, acontece a pedido da Corregedoria Geral de Justiça, como desdobramento do afastamento da juíza Emanuela Porangaba.

6 imagens
Raimundo Tavares reclama de valor gasto com outras pessoas "comendo" dinheiro em processo da Laginha
Joaquim Beltrão e empresário desabafaram em conversa gravada secretamente
TJAL decidiu manter processo de falência da Laginha na Justiça alagoana
Empresários são acusados de invadir terras que pertencem à Laginha Agroindustrial
Juíza Emanuela Porangaba foi afastada por suposto favorecimento a escritório dos filhos de Marcus Mousinho
1 de 6

Marcus Mousinho é promotor do caso Laginha e pai de advogados suspeitos de irregularidades

Reprodução
2 de 6

Raimundo Tavares reclama de valor gasto com outras pessoas "comendo" dinheiro em processo da Laginha

Reprodução
3 de 6

Joaquim Beltrão e empresário desabafaram em conversa gravada secretamente

Reprodução
4 de 6

TJAL decidiu manter processo de falência da Laginha na Justiça alagoana

Reprodução
5 de 6

Empresários são acusados de invadir terras que pertencem à Laginha Agroindustrial

Reprodução
6 de 6

Juíza Emanuela Porangaba foi afastada por suposto favorecimento a escritório dos filhos de Marcus Mousinho

Reprodução

Na quinta-feira (13/6), o órgão recomendou a abertura de processo administrativo disciplinar contra a magistrada, suspeita de favorecimento ao escritório de advocacia do filho do promotor de Justiça designado para o caso Laginha, Marcus Aurélio Gomes Mousinho.

A investigação preliminar examinou as decisões e sentenças proferidas por Emanuela Porangaba, em 2022 e 2023, nos períodos em que ela atuou como juíza substituta nas varas de São José da Lage, São Luiz do Quitunde e Campo Alegre, no interior de Alagoas, e no plantão judiciário civel da capital, Maceió.

Segundo a Corregedoria, nesses períodos, advogados ligados ao escritório Mousinho e Mousinho Advogados Associados chegavam a inventar endereços falsos para dar entrada em ações que seriam analisadas pela magistrada. Emanuela Porangaba ignorava a ausência de comprovantes de residência e proferia decisões favoráveis aos requerentes, principalmente com a exclusão de gravames registrados na documentação de veículos adquiridos pelos clientes do escritório.

Valores

O esquema teria causado um prejuízo de R$ 1,7 milhão a instituições financeiras. O escritório apontado na investigação pertence aos advogados Carlos Henrique Costa Mousinho e Diego Aurélio Costa Mousinho, filhos do promotor de Justiça do processo de falência da Laginha, Marcus Aurélio Gomes Mousinho. O irmão do promotor, Marcello Mousinho Júnior, também foi citado pela Corregedoria por envolvimento no esquema.

Marcus Aurélio Mousinho foi designado para o caso da falência da Laginha na gestão do atual desembargador Márcio Roberto Tenório de Albuquerque como procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Alagoas (MPEAL). Entre suas decisões está a contratação, aprovada pela comissão de juízes integrada por Emanuela Porangaba, da consultoria do ex-ministro Eugênio Aragão para auxiliar na administração da massa falida, ao custo de R$ 200 milhões.

O desembargador Márcio Roberto Tenório Albuquerque é um dos integrantes do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) que se manifestou desimpedido para julgar o caso da Laginha, evitando que o processo fosse remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O afastamento cautelar de Emanuela Porangaba aconteceu após apresentação da defesa prévia da juiza, na qual ela rebateu as acusações feitas na investigação preliminar. A medida se estende até o final do processo disciplinar a ser instaurado. Até lá, Emanuela Porangaba terá acesso aos sistemas do TJAL apenas para consulta aos documentos assinados por ela.

Falência da Laginha

Com a decisão da Corregedoria Geral de Justiça, Emanuela Porangaba está impedida de atuar no processo de falência da Laginha, empresa avaliada em R$ 3 bilhões e com dívidas fiscais e trabalhistas de aproximadamente R$ 4 bilhões. A massa falida da indústria, que pertencia ao empresário e ex-deputado federal João Lyra, morto em 2021, reúne três usinas de açúcar e etanol.

Na terça-feira (11/6), a coluna revelou áudios de políticos e empresários que invadiram as terras da Laginha supostamente negociando a partilha dos valores oriundos da venda da safra de cana-de-açúcar para uma agroindústria contratada pela massa falida. Eles reclamam do “alto valor” cobrado por que seria cobrado por promotores e desembargadores envolvidos no processo.

Em um dos áudios, José Raimundo de Albuquerque Tavares, empresário e ex-prefeito de Junqueiro (AL), conversa com Joaquim Beltrão, ex-deputado federal e ex-prefeito de Coruripe, sobre a quantidade de pessoas “comendo” dinheiro com o bilionário processo de falência da Laginha Agroindustrial.

“Às vezes, sem querer o cabra consegue umas coisas, um negócio a favor. Aí sobre isso todo mundo ficou ‘peixe’, ninguém foi atrás do promotor, ninguém foi atrás de nada, ficou ali. Eles têm o poder da caneta. Se eles quiser [sic] moer essa cana todinha, aí eles mói. Só que tem um problema: fica com medo de a gente tocar fogo em tudo, nem a gente nem eles”, diz Joaquim Beltrão, no áudio ao qual a coluna teve acesso.

“É como o Joaquim e o Alfredo disseram aí, agora há pouco, que é caro demais, agora é porque também é muita gente comendo”, diz Raimundo Tavares. “É… não é porque… é gente comendo, também, os caras querem muito”, responde Beltrão.

Raimundo, então, completa: “É caro por isso. Muita gente comendo demais. É o promotor, é o administrador, é o povo de São Paulo, aí é Sandro, aí é desembargador, é filho de desembargador. Quando soma, é um valor da p*rra. É por isso que fica caro”. Na conversa, o empresário não cita os nomes dos desembargadores e promotores que seriam contemplados.

Em dezembro, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Alagoas nomeou dois promotores para apurar o conteúdo da gravação. Os áudios datam de 21 de outubro de 2022 e foram juntados ao processo de falência da Laginha, que se arrasta no TJ alagoano desde 2014.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comPaulo Cappelli

Você quer ficar por dentro da coluna Paulo Cappelli e receber notificações em tempo real?