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Três juízes são afastados de processo que definirá destino de bilhões

Corregedoria pediu afastamento de comissão que atuava no processo de falência da Laginha; juíza é suspeita de beneficiar filhos de promotor

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Juíza afastada Laginha Emanuela Porangaba
1 de 1 Juíza afastada Laginha Emanuela Porangaba - Foto: Reprodução

Os juízes Luciano Andrade de Souza, Emanuela Bianca Porangaba e Gilvan de Santana Oliveira foram afastados do bilionário processo de falência da Laginha Agroindustrial, que pertencia ao empresário João Lyra, ex-deputado federal e pai de Tereza Collor.

O afastamento de Luciano Andrade e Gilvan Santana, determinado nesta sexta-feira (14/6) pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), desembargador Fernando Tourinho de Omena Souza, acontece a pedido da Corregedoria Geral de Justiça, como desdobramento do afastamento da juíza Emanuela Porangaba.

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Marcus Mousinho é promotor do caso Laginha e pai de advogados suspeitos de irregularidades

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Juíza Emanuela Porangaba foi afastada por suposto favorecimento a escritório dos filhos de Marcus Mousinho

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Na quinta-feira (13/6), o órgão recomendou a abertura de processo administrativo disciplinar contra a magistrada, suspeita de favorecimento ao escritório de advocacia do filho do promotor de Justiça designado para o caso Laginha, Marcus Aurélio Gomes Mousinho.

A investigação preliminar examinou as decisões e sentenças proferidas por Emanuela Porangaba, em 2022 e 2023, nos períodos em que ela atuou como juíza substituta nas varas de São José da Lage, São Luiz do Quitunde e Campo Alegre, no interior de Alagoas, e no plantão judiciário civel da capital, Maceió.

Segundo a Corregedoria, nesses períodos, advogados ligados ao escritório Mousinho e Mousinho Advogados Associados chegavam a inventar endereços falsos para dar entrada em ações que seriam analisadas pela magistrada. Emanuela Porangaba ignorava a ausência de comprovantes de residência e proferia decisões favoráveis aos requerentes, principalmente com a exclusão de gravames registrados na documentação de veículos adquiridos pelos clientes do escritório.

Valores

O esquema teria causado um prejuízo de R$ 1,7 milhão a instituições financeiras. O escritório apontado na investigação pertence aos advogados Carlos Henrique Costa Mousinho e Diego Aurélio Costa Mousinho, filhos do promotor de Justiça do processo de falência da Laginha, Marcus Aurélio Gomes Mousinho. O irmão do promotor, Marcello Mousinho Júnior, também foi citado pela Corregedoria por envolvimento no esquema.

Marcus Aurélio Mousinho foi designado para o caso da falência da Laginha na gestão do atual desembargador Márcio Roberto Tenório de Albuquerque como procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Alagoas (MPEAL). Entre suas decisões está a contratação, aprovada pela comissão de juízes integrada por Emanuela Porangaba, da consultoria do ex-ministro Eugênio Aragão para auxiliar na administração da massa falida, ao custo de R$ 200 milhões.

O desembargador Márcio Roberto Tenório Albuquerque é um dos integrantes do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) que se manifestou desimpedido para julgar o caso da Laginha, evitando que o processo fosse remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O afastamento cautelar de Emanuela Porangaba aconteceu após apresentação da defesa prévia da juiza, na qual ela rebateu as acusações feitas na investigação preliminar. A medida se estende até o final do processo disciplinar a ser instaurado. Até lá, Emanuela Porangaba terá acesso aos sistemas do TJAL apenas para consulta aos documentos assinados por ela.

Falência da Laginha

Com a decisão da Corregedoria Geral de Justiça, Emanuela Porangaba está impedida de atuar no processo de falência da Laginha, empresa avaliada em R$ 3 bilhões e com dívidas fiscais e trabalhistas de aproximadamente R$ 4 bilhões. A massa falida da indústria, que pertencia ao empresário e ex-deputado federal João Lyra, morto em 2021, reúne três usinas de açúcar e etanol.

Na terça-feira (11/6), a coluna revelou áudios de políticos e empresários que invadiram as terras da Laginha supostamente negociando a partilha dos valores oriundos da venda da safra de cana-de-açúcar para uma agroindústria contratada pela massa falida. Eles reclamam do “alto valor” cobrado por que seria cobrado por promotores e desembargadores envolvidos no processo.

Em um dos áudios, José Raimundo de Albuquerque Tavares, empresário e ex-prefeito de Junqueiro (AL), conversa com Joaquim Beltrão, ex-deputado federal e ex-prefeito de Coruripe, sobre a quantidade de pessoas “comendo” dinheiro com o bilionário processo de falência da Laginha Agroindustrial.

“Às vezes, sem querer o cabra consegue umas coisas, um negócio a favor. Aí sobre isso todo mundo ficou ‘peixe’, ninguém foi atrás do promotor, ninguém foi atrás de nada, ficou ali. Eles têm o poder da caneta. Se eles quiser [sic] moer essa cana todinha, aí eles mói. Só que tem um problema: fica com medo de a gente tocar fogo em tudo, nem a gente nem eles”, diz Joaquim Beltrão, no áudio ao qual a coluna teve acesso.

“É como o Joaquim e o Alfredo disseram aí, agora há pouco, que é caro demais, agora é porque também é muita gente comendo”, diz Raimundo Tavares. “É… não é porque… é gente comendo, também, os caras querem muito”, responde Beltrão.

Raimundo, então, completa: “É caro por isso. Muita gente comendo demais. É o promotor, é o administrador, é o povo de São Paulo, aí é Sandro, aí é desembargador, é filho de desembargador. Quando soma, é um valor da p*rra. É por isso que fica caro”. Na conversa, o empresário não cita os nomes dos desembargadores e promotores que seriam contemplados.

Em dezembro, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Alagoas nomeou dois promotores para apurar o conteúdo da gravação. Os áudios datam de 21 de outubro de 2022 e foram juntados ao processo de falência da Laginha, que se arrasta no TJ alagoano desde 2014.

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