Como Tarcísio vai lidar com o STF no ato de Bolsonaro na Paulista
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas será convidado a discursar no ato de Bolsonaro que mira suposta perseguição de ministros do STF
atualizado
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Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas diz que foi eleito pelas mãos de Bolsonaro em 2022. O ex-presidente, por sua vez, afirma que o pupilo conquistou brilho próprio e protagonismo na política nacional.
No ato convocado por Bolsonaro para o próximo domingo (25/2), na Avenida Paulista, Tarcísio enfrentará um teste de equilíbrio. A manifestação será sobre uma alegada perseguição de ministros do STF à direita brasileira e, em especial, ao ex-presidente.
De trato fácil, o governador de SP se dá bem com a maioria dos ministros do Supremo, incluindo Alexandre de Moraes. Mas não deverá recusar o convite para discursar no evento, cuja presença já confirmou.
A previsão é que poucas pessoas peguem o microfone: um deputado, um senador, um governador, Silas Malafaia e o próprio Bolsonaro. Até mesmo Michelle deverá apenas puxar uma oração, sem que discurse.
Os organizadores do ato querem uma fala de Tarcísio. Acreditam que, moderado, ele ampliará a pauta para além do público da direita. E, afinal, é o governador do estado que sediará a manifestação. A palavra final, claro, será dada previamente pelo próprio Tarcísio. Oficialmente, a assessoria do governador diz que o assunto ainda não foi discutido.
Se confirmado o protagonismo na manifestação, os holofotes se voltarão para o governador que “nunca foi bolsonarista raiz“, mas que, ao mesmo tempo, diz ser “extremamente grato” a Bolsonaro.
Segundo pessoas próximas a Tarcísio, o governador vai centrar seu discurso em feitos do ex-presidente. Elogiar Bolsonaro sem questionar a atuação do STF e de ministros da Corte. Mesmo que seu discurso entre em dissonância com o de outros oradores mais ácidos, assim será.
Aliados dizem que Tarcísio vai até onde pode para ajudar Bolsonaro, mas sem avançar em terreno que pode comprometer sua atuação como governador.
No fim do ano passado, Tarcísio sancionou uma lei que anistiou Bolsonaro de pagar multas milionárias por não usar máscara durante a pandemia de Covid-19. O STF, então, cobrou explicações do governador. Até aí, tudo bem.
Mas Tarcísio não pretende cruzar a linha e fazer críticas públicas ao Supremo.
Nesse escopo, alguns aliados de Bolsonaro defendem que Jorginho Mello, de Santa Catarina, seja o governador a discursar. Bolsonarista de carteirinha, ele antecipou a volta dos Emirados Árabes para participar do ato e faria um discurso mais inflamado contra supostas arbitrariedades do Judiciário.
Uma outra possibilidade aventada é abrir espaço para que os dois governadores, Tarcísio e Jorginho Mello, discursem.