Tarcísio pune diretores de presídio que chantagearam presos de facções
Diretores punidos por Tarcísio chantageavam detentos ligados a facções criminosas e exigiam propina para conceder regalias em presídio
atualizado
Compartilhar notícia
Três diretores do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba tiveram a perda dos cargos públicos decretada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Eles foram condenados por chantegear detentos e cobrar propina de presos e familiares em troca de regalias dentro do presídio.
Márcio Coutinho, ex-diretor-geral, Smith Luiz Queiroga, ex-diretor de Disciplina, e Valdinei Benedito de Jesus Chagas, que era responsável pelo rol de visitas do CDP, cobravam entre R$ 500 e R$ 1.500 por favores que incluíam cardápio diferenciado e visitas fora dos horários estabelecidos.
Os detentos que aceitavam pagar os valores cobrados pelos diretores ganhavam o direito de comer pizza e churrasco, tinham acesso a televisores e colchões melhores, além de poderem circular pela unidade sem o uso dos uniformes.
A cobrança de propina também acontecia mediante chantagem a alguns presos ligados a facções criminosas. Em contato com familiares e detentos, os três ameaçavam alojar os presidiários em alas dominadas por facções rivais. A prática começou a ser investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), em 2013.
Na época, o diretor do presídio, Márcio Coutinho, tornou-se personagem de uma edição do programa Conexão Repórter, do SBT, que denunciou o esquema. O programa mostrou casos de assédio moral cometidos por Coutinho e comparou seus salários com os gastos e o patrimônio que o diretor ostentava nas redes sociais.
Em junho de 2020, Márcio Coutinho foi condenado a 5 anos e 10 meses de prisão em regime semiaberto pelos crimes de concussão [quando um servidor público exige vantagem indevida em razão do cargo] e associação criminosa. Ele, Queiroga e Chagas, que também foram condenados à prisão em regime semiaberto, foram demitidos das funções em 2022.
Coutinho se apresentou à Justiça em abril deste ano, após pedido do MPSP para execução da pena. O ex-diretor do CDP de Sorocaba foi levado para o presídio de Tremembé e pode deixar o presídio durante o dia, com uso de tornozeleira eletrônica, para trabalhar ou estudar.