“Silêncio de Michelle Bolsonaro incomoda”, diz ex de Zé Trovão após BO
Lei Maria da Penha: ex-noiva do deputado bolsonarista Zé Trovão (PL), Ana Rosa Schuster quebra o silêncio pela primeira vez e faz revelações
atualizado
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Ex-noiva do deputado federal bolsonarista Zé Trovão (PL-SC), Ana Rosa Schuster decidiu quebrar o silêncio e falar pela primeira vez após registrar ocorrência contra o parlamentar. Em novembro, a Justiça lhe concedeu medidas protetivas, com base na Lei Maria da Penha, após relatos de agressão física.
Em conversa com a coluna, Ana Rosa revelou incômodo com o fato de Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, não ter se pronunciado sobre o assunto. Ela diz que tampouco foi procurada em particular pela ex-primeira-dama.
Ana Rosa e Michelle se aproximaram após passarem fins de semana em um rancho no Mato Grosso, acompanhadas de Zé Trovão e Jair Bolsonaro. Em um desses encontros, em agosto, foi feita a foto que ilustra esta matéria.
“É claro que o silêncio da Michelle Bolsonaro incomoda. Afinal, ela preside o PL Mulher, cuja pauta gira justamente em torno da defesa de mulheres. Mas o que se percebe, na prática, é que isso vale para todos os casos, exceto para os que possam vir a afetar políticos homens do PL, o que é um absurdo”, avaliou Ana Rosa Schuster.
Ela continuou: “Compreendo que uma eventual fala dela em meu favor a colocaria, naturalmente, contra um parlamentar do mesmo partido. Essa constatação explica muita coisa. Neste momento, além do amparo da minha família e dos meus amigos, só preciso do apoio do Judiciário e dos órgãos de investigação, o que já está sendo feito de forma extremamente diligente”.
Consultora da Caixa Econômica Federal, Ana Rosa afirma, porém, que recebeu apoio de deputados de outros partidos.
“A verdade é que não espero nada do PL, até porque nem filiada sou. Mas obviamente que um aceno de solidariedade não seria rejeitado por mim. Nós, mulheres, precisamos nos unir, cada vez mais, para enfrentar as violências praticadas pelos homens. Cabe registrar que fui procurada por diversas parlamentares, de vários partidos, com importantes manifestações de apoio, menos pelo PL, o partido do Zé Trovão.”
Rotina
Ana Rosa afirma ainda que, antes do término, chegou a sofrer retaliações no campo profissional por manter um relacionamento amoroso com Zé Trovão.
“Sou servidora de carreira da Caixa Econômica Federal e estava cedida há vários anos para a Presidência da República, onde desempenhava papel eminentemente técnico, o que explica o fato de ter passado ‘incólume’ por governos de diferentes linhas ideológicas.
O fato de ter iniciado relacionamento com o deputado Zé Trovão me causou enormes dissabores profissionais, os quais considerei que, ’em nome do amor’, seriam superados ou compensados.
Contudo, o comportamento dele me trouxe o pior. Tanto no campo pessoal quanto no profissional, tendo em vista que fui por ele desrespeitada e agredida, e, ainda, exonerada do cargo por questões políticas.
Então, minha rotina mudou profundamente, pois tive de me mudar temporariamente para Floripa, para perto da minha família, dado o receio de ser novamente agredida. Venho passando por um forte abalo emocional”, diz.
Questionada sobre se Zé Trovão tem seguido as medidas protetivas determinadas pela Justiça, como de não enviar mensagens e manter distância, Ana Rosa respondeu:
“Sobre o cumprimento das medidas por parte do deputado, me manifestarei nos autos do processo, por orientação da minha advogada. O que posso adiantar é que tenho plena certeza de que ele pagará por tudo”.
O deputado Zé Trovão nega ter agredido a ex-noiva e afirma que “apenas a conteve”. Leia aqui a íntegra de seu posicionamento.