Servidores da Agência Brasileira de Inteligência acusam o atual chefe da instituição, Luiz Fernando Corrêa, de atuar nos bastidores para atrapalhar as investigações que miram o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados no âmbito da “Abin paralela”. A suspeita, que já existia, foi reforçada após Corrêa indicar o policial federal José Fernando Moraes Chuy para o posto de corregedor-geral da Abin.

Em nota, a associação de servidores da agência [Intelis] disse ver com “estranheza” a indicação.

“Os servidores da Abin reiteram sua indignação com a indicação do policial federal José Fernando Moraes Chuy para o mandato de corregedor-geral da Abin. Causa estranheza a atual corregedora ser retirada do cargo a que poderia ser reconduzida quando as autoridades que possuem investigação em curso sobre a estrutura paralela que parasitou a Abin expressam a total cooperação da corregedoria do órgão no caso”.

“Além de mais um inequívoco sinal de desprestígio aos servidores da Abin por parte de sua Direção-Geral, uma vez que a agência possui em seus quadros servidores aptos a ocupar a função, trata-se de um claro conflito de interesses, uma vez que o indicado é policial federal e oficial da reserva do Exército, e a 4ª fase da Operação Última Milha aponta policiais federais e um militar como figuras-chave do esquema.”

“Inexperiência”

Prosseguiu a Intelis: “O indicado também não possui experiência em matéria correcional e nem em legislação afeita à Inteligência de Estado, o que levanta a necessidade de justificativa para o que parece violar o princípio da impessoalidade.”

“Em demonstração de que não tememos um controle justo e bem feito, mas sim eventuais desvios de finalidade, perseguições ou parcialidade, caso a Direção-Geral do órgão realmente não vislumbre servidor orgânico da Abin apto a assumir o posto, solicitamos que seja indicado um servidor orgânico da CGU (Controladoria-Geral da União) para a função”, finalizou a associação na nota divulgada nesta quarta-feira (31/7).

Chefia da Abin

Policial federal de carreira, Luiz Fernando Corrêa assumiu o comando da Abin em março de 2023, indicado pelo presidente Lula.

Ele chegou a balançar no cargo após suspeita de atrapalhar as investigações da Abin Paralela, mas Lula decidiu mantê-lo à frente da agência.