metropoles.com

Saiba quem é o empreiteiro que levou R$ 1,5 bilhão do governo em obras

Empresa comandada pela família do mineiro Luiz Otávio Fontes Junqueira soma R$ 1,5 bilhão em contratos com o governo federal desde janeiro

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
Empreiteiro Luiz Otávio Fontes Junqueira
1 de 1 Empreiteiro Luiz Otávio Fontes Junqueira - Foto: Reprodução

Assim que a Lava Jato atingiu as principais construtoras do país, o empreiteiro Luiz Otávio Fontes Junqueira, de 66 anos, agiu rapidamente. Ainda em 2014, antes de as delações e prisões ganharem os jornais, fundou a LCM Construção e Comércio para tentar brigar pelos vultosos contratos do governo federal que não mais contemplariam Odebrecht, OAS, entre outras.

Nas rodas de Brasília, o empresário mineiro, que acumula carros de alto luxo em seu nome, é apontado como exemplo de sucesso na busca pelo “espólio” dessas empreiteiras. Presidida por Junqueira e dirigida por seu filho Cristiano, a LCM quebrou seu recorde neste terceiro mandato de Lula e abocanhou R$ 1,5 bilhão em contratos com o governo federal desde janeiro.

4 imagens
Mercedes-Benz A250 TurboSport, um dos carros registrados em nome do empreiteiro
Porsche Carrera S, outro carro registrado em nome do empresário
1 de 4

Empreiteiro tem coleção de carros registrados em seu nome, como um Porsche Taycan 4S

Reprodução
2 de 4

Reprodução
3 de 4

Mercedes-Benz A250 TurboSport, um dos carros registrados em nome do empreiteiro

Reprodução
4 de 4

Porsche Carrera S, outro carro registrado em nome do empresário

Reprodução

Todos os 29 contratos foram celebrados com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), autarquia vinculada ao Ministério dos Transportes. Nos quatro anos do governo Bolsonaro, o empreiteiro recebeu R$ 366 milhões para obras no mesmo Dnit. 

Junqueira mora em um condomínio de luxo na cidade de Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Seu nome aparece vinculado a mais de 100 empresas em todo o Brasil, das quais 83 ainda estão em atividade. O empreiteiro tem 22 veículos registrados em seu nome; entre eles, uma Mercedes-Benz A250 Turbosport, um Porsche 911 Carrera e um Porsche Taycan 4S, além de oito motocicletas.

Seguindo a cartilha de empreiteiros experientes, Junqueira evita expor opiniões políticas e tem perfil discreto nas redes sociais. O filho Cristiano, por sua vez, já questionou a credibilidade das urnas eletrônicas e compartilhou postagens de Bolsonaro quando ele era presidente.

Investigações

Em 2014, com a Construtora Centro Minas (CMM), da qual ainda é sócio-administrador, Junqueira desbancou gigantes como a Camargo Correia e ficou em segundo lugar no ranking de empresas que mais faturaram com obras públicas. Com R$ 602,5 milhões recebidos da União, ficou atrás apenas da Odebrecht, que levou R$ 1,1 bilhão em contratos naquele ano.

Quando despontou para o mundo dos contratos federais, Junqueira registrou um faturamento de R$ 900 milhões com a CMM, cerca de 1.185% a mais do que em 2010, quando teve faturamento de R$ 70 milhões. Como a LCM, fundada naquele ano, o principal cliente da CCM era o Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte (Dnit).

Em 2011, o empresário foi acusado pelo MPF no Tocantins por um prejuízo de R$ 4,8 milhões em uma obra na BR-153, também contratada pelo Dnit.

No mesmo ano, Junqueira e a CCM foram alvo de uma ação do Ministério Público Federal no Pará por um prejuízo de R$ 1,8 milhão na construção de um hospital em Santarém.

4 imagens
Entre o diretor do Dnit e o ministro dos Transportes, Lula festejou nesta terça mais uma obra da LCM
Sem licitação, governo vai pagar R$ 79 milhões à LCM por obra na BR-316, no Maranhão
LCM Construção foi contratada sem licitação para obras na BR-280, em Santa Catarina
1 de 4

CGU apontou superfaturamento em obras do Dnit em Santa Catarina

Rafaela Felicciano/Metrópoles
2 de 4

Entre o diretor do Dnit e o ministro dos Transportes, Lula festejou nesta terça mais uma obra da LCM

3 de 4

Sem licitação, governo vai pagar R$ 79 milhões à LCM por obra na BR-316, no Maranhão

4 de 4

LCM Construção foi contratada sem licitação para obras na BR-280, em Santa Catarina

Reprodução

Na ação, que ainda tramita na 1ª Vara da Justiça Federal no Pará, o MPF pede o ressarcimento de R$ 2 milhões por danos morais coletivos e a condenação de Junqueira por improbidade administrativa. Em setembro deste ano, a defesa do empresário apresentou recurso pedindo a extinção do processo por “ausência de pressupostos de admissibilidade”.

Em 2019, já com a LCM, Junqueira foi investigado pela Polícia Federal na Operação Mão Dupla. A empresa foi acusada de fraudar medições e pagamentos em serviços de pavimentação realizados na BR-364, em Porto Velho (RO). Segundo a PF, a investigação evitou um prejuízo de R$ 12 milhões aos cofres públicos.

Mesmo assim, entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022, a empreiteira celebrou R$ 366 milhões com o antigo Ministério da Infraestrutura, comandado, à época, por Tarcísio de Freitas.

Em agosto de 2019, Junqueira se reuniu em Brasília com o então diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Euclides Bandeira de Souza Neto. O encontro foi registrado na agenda do diretor. A pauta da reunião incluía obras no Acre, em Rondônia e em outros estados.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comPaulo Cappelli

Você quer ficar por dentro da coluna Paulo Cappelli e receber notificações em tempo real?