Policial civil pode ser demitido por forjar roubos para receber seguro
Agente investigado pela Corregedoria da Polícia Civil registrava ocorrências falsas de roubo de veículos para aplicar golpes em seguradoras
atualizado
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu processo disciplinar contra o investigador Ricardo Jardim Dias, preso sob a suspeita de integrar uma quadrilha que aplicava golpes em seguradoras de carros. Dias foi detido no dia 1º de agosto dentro do 24º Distrito Policial, em Piedade, onde trabalhava.
O grupo forjava roubos de carros para receber os valores dos seguros. De acordo com as investigações da Corregedoria Geral da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ), Dias chegou a inserir 173 ocorrências de roubo de veículos no sistema do 24º DP em 2023 – inclusive durante seu período de férias -, mais de 35% dos 471 registrados pela delegacia no ano passado.
Das ocorrências inseridas pelo agente, mais de 50% foram feitas em outubro e dezembro de 2023, muitas com a assinatura falsificada da vítima.
A quadrilha foi desbaratada pela deflagração da Operação Lástima, que apurou os crimes de associação criminosa, fraude para recebimento de valor de seguro, peculato, desvio e inserção de dados falsos no sistema de informações da Polícia Civil.
Além de Dias, a operação apontou o envolvimento de um empresário e de um perito de uma prestadora de serviços em veículos. O perito, que também foi alvo de um mandado de prisão, era quem intermediava as negociações com os donos dos carros usados no golpe. Ele abordava pessoas em dificuldades financeiras para convencê-las a participar do esquema. Os mandados foram emitidos pela 28ª Vara Criminal do Rio.
A prisão em agosto não foi a primeira na carreira de Dias. Em 2005, ele foi preso em uma blitz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, com o apoio do Detran-RJ. O agente conduzia um Fiat Brava preto roubado em São Paulo. Na ocasião, foi conduzido ao 9º DP, no Catete, para prestar esclarecimentos.
Para a Corregedoria Geral de Polícia Civil, o agente descumpriu as posturas previstas no decreto-lei 218/1975, que dispõe sobre o regime jurídico da categoria. Dias foi acusado de violar o Código de Ética policial, dar informações falsas, agir com deslealdade e negligência e prejudicar o desempanho da função policial.
Ele também foi enquadrado no decreto-lei 220/1975, o estatuto dos funcionários públicos do Poder Executivo do Rio de Janeiro, por alteração de registros oficiais, uso da função para obter vantagem pessoal, recebimento de propina e falta de zelo no cumprimento das obrigações. O processo disciplinar pode levar à demissão do agente. Ele tambpem responde a processo na Justiça comum.