Policiais civis que extorquiram empresários sofrem nova punição
Corregedoria prorroga suspensão de policiais civis suspeitos de extorquir R$ 1 milhão de dois empresários
atualizado
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A Polícia Civil de São Paulo ampliou por mais seis meses o período de afastamento das funções de três agentes e de um carcereiro acusados de tentar extorquir R$ 1 milhão de dois empresários em fevereiro deste ano. Os policiais Altair Barbosa Araújo, Paulo Wilson Aprile, Alexandre Ribeiro Fais e o carcereiro Antônio Carlos Moretti atuavam na Delegacia de Estelionatos do Departamento de Investigações Criminais (Deic) e estão suspensos desde março.
Os quatro investigavam os empresários Alexandre Henrique Alves Figueiredo e Gabriel Matheus de Oliveira, donos de uma empresa que aplicava golpes financeiros em todo o país. Eles foram gravados por uma câmera de segurança da empresa durante uma reunião com o advogado dos empresários, Antônio Basílio Filho. Durante a conversa, os agentes prometem esquecer as investigações mediante pagamento de R$ 1 milhão.
“R$ 1 milhão a gente tem que ter. Pode falar para o Alexandre e pro Gabriel que, se pagar alguma coisa, a gente não cita eles e eles não são indiciados”, diz, no vídeo, o investigador Alexandre Ribeiro Fais.
“Vamos tentar com R$ 1 milhão, tentar se a delegacia topa, que aí, eu vou forçar pra topar, aí, a gente vira as costas e vai embora”, continua o agente. “Você acha que uma empresa dessa tem R$ 1 milhão?”, pergunta o advogado. “Eles faturam, a cada quatro meses, R$ 1 milhão. Pra tentar sair pela porta é R$ 1 milhão”, responde Fais.
Ao perceberem a presença da câmera, o investigador Paulo Wilson Aprile levanta e vira o aparelho para uma janela. O áudio do equipamento, porém, continua captando a conversa.
A extorsão é interrompida por um telefonema do delegado que comandava a operação e aguardava o retorno dos agentes e das funcionárias detidas ao Deic. As 19 pessoas encontradas aplicando os golpes por telefone foram indiciadas por associação criminosa e liberadas mediante pagamento de fiança de um salário mínimo.
Chefe da Polícia Civil
A empresa funcionava no sexto andar de um prédio na zona sul de São Paulo. O golpe consistia em fazer a vítima assinar um contrato que previa uma mensalidade oculta, mas o serviço contratado não era prestado.
Após a supost atentativa de extorsão, Alexandre Figueiredo e Gabriel Oliveira procuraram a Corregedoria Geral de Polícia Civil de São Paulo, que afastou os agentes das funções no Deic. Eles responde a procedimento administrativo disciplinar que pode resultar em demissão.
A suspensão dos investigadores e do carcereiro foi prorrogada pelo delegado-geral de Polícia Civil, Artur José Dian, após solicitação da Corregedoria Geral.