Polícia Federal compra R$ 40 milhões em fuzis para snipers; veja armas
Licitação no Ministério da Justiça prevê aquisição de 146 fuzis de precisão para atiradores da Polícia Federal, PRF e Polícia Civil do RJ
atualizado
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O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) vai desembolsar até R$ 40,6 milhões para adquirir 146 fuzis e acessórios, como lunetas e visão noturna, para a Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). Incluída na mesma ata de registro de preços, a Polícia Civil do Rio de Janeiro também vai participar da aquisição, somando recursos próprios à verba da União.
A aquisição será centralizada pelo Comando de Operações Táticas (COT) da PF, visando à renovação do arsenal usado principalmente pelos atiradores de precisão, os snipers. São eles que, em situações de emergência, como sequestros, entram em ação. Em que pese a extrema importância da atuação desses profissionais, o armamento utilizado hoje em dia pela PF e pela PRF está defasado e prejudica o trabalho de campo.
A última aquisição desses equipamentos, acredite, foi há mais de 15 anos, em 2008. As novas armas e os acessórios, portanto, têm o objetivo de restabelecer a capacidade operacional do setor de tiro de precisão.
“Os sistemas de armas de tiro de precisão usados operacionalmente pelos atiradores de precisão do COT estão defasados tecnologicamente e ultrapassaram o limite de sua vida útil. Alguns outros equipamentos sequer foram adquiridos. Quando tratamos de armas de precisão, a última aquisição data de meados de 2008, e até o momento essas armas deram mais de 10 mil disparos, o que compromete a sua capacidade de precisão, atentando contra a segurança nas operações”, informa o edital de licitação.
Visores térmicos
A aquisição inclui 146 fuzis manuais e semiautomáticos de precisão, 100 lunetas, 74 visores térmicos e de visão noturna para armas longas, 47 tripés para tiro de precisão e 42 medidores meteorológicos com software balístico, além de outros acessórios.
“As armas utilizadas já não suportam atualizações, tanto em relação à reposição de cano, bem como a outras peças (o modelo Sig Sauer Blaser Tactical II já saiu de linha). Vale ressaltar que tais armas não têm capacidade de acoplagem de equipamentos táticos, tal como visão noturna, visão térmica, mira offset etc.”, especifica o edital.
O documento também prevê a compra de 42 fuzis de ação manual por ferrolho calibre .308 e .338, 4 fuzis de ação manual por ferrolho calibre 6.5 Creedmoore e 100 fuzis semiautomáticos calibre .308 win. Somadas, as armas vão custar R$ 19,5 milhões.
Entre as exigências para os fuzis estão a cor bege, o alojamento do carregador à frente do gatilho, o gatilho em dois estágios com características para operação de sniper e o cumprimento do cano entre 18” e 27,5”.
Os armamentos também devem oferecer a possibilidade de troca do conjunto do ferrolho sem uso de ferramentas, resistência a quedas de até 1,2 metro sem disparo ou danos em peças que os tornem inoperantes, vida útil do cano de até 8 mil disparos e precisão de 24mm (30mm para os fuzis semiautomáticos) em cada cinco disparos a 100 metros de distância.
Dos fuzis calibre .308 e .338, 20 serão destinados à PF, 10 à PRF e 12 à Polícia Civil do Rio de Janeiro. A PF e a PRF ficarão, cada uma, com dois fuzis calibre 6.5 Creedmoore. Já os fuzis semiautomáticos serão distribuídos da seguinte forma: 20 para a PF, 40 para a PRF e 40 para a PCRJ.
A licitação para compra das armas é internacional, permitindo a participação de fabricantes de armamentos estrangeiros, uma vez que a principal fabricante nacional, a Taurus, não oferece armas compatíveis em seu catálogo.
“Quanto à escolha da modalidade licitação internacional, esclarece-se por ser um produto controlado de acesso restrito, inexistem, no Brasil, fabricantes que atendam os requisitos mínimos apresentados nos estudos preliminares. Para tanto, atualmente, a Taurus (fabricante nacional) não possui em seu catálogo qualquer fuzil de precisão”, argumenta o edital.
Outra marca nacional, a Imbel, também não estaria apta a participar da disputa. “No mesmo sentido, o fuzil da Imbel, o .308AGLC não atende os requisitos mínimos como chassi monolítico, multicalibre, com rails para sobressalentes, entre outros, pelo que não pode ser considerado como opção no levantamento do mercado. Dessa forma, a única opção disponível é a realização de certame internacional”, afirma o edital.