metropoles.com

PL de Bolsonaro usa decisão de Moraes para pedir cassação de Janones

PL usou voto de Moraes para justificar pedido de cassação de deputado; Partido de Bolsonaro diz que rachadinha era “imposição” a servidores

atualizado

Compartilhar notícia

Daniel Ferreira/Metrópoles
Moraes
1 de 1 Moraes - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Na representação protocolada pelo PL na Mesa Diretora da Câmara contra André Janones, o partido de Jair Bolsonaro usa uma decisão do ministro Alexandre de Moraes para basear o pedido de cassação do deputado.

Trata-se de um acórdão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que teve a relatoria do magistrado, atual presidente da Corte. Julgado em 2021, o caso envolveu a ex-vereadora Maria Helena Pereira Fontes (PSL-SP). Ao determinar a inelegibilidade de Fontes por oito anos, Alexandre de Moraes justificou que rachadinha é “uma clara e ostensiva modalidade de corrupção”.

3 imagens
Bolsonaro vê pitada de crueldade de Zé Trovão
Moraes foi elogiado pelo PL no pedido de cassação de André Janones
1 de 3

Rachadinha: Janones foi flagrado em áudios cobrando parte dos salários de seus servidores

Rafaela Felicciano/Metrópoles
2 de 3

Bolsonaro vê pitada de crueldade de Zé Trovão

Breno Esaki/Metrópoles
3 de 3

Moraes foi elogiado pelo PL no pedido de cassação de André Janones

Daniel Ferreira/Metrópoles

 

“A reprovabilidade quanto aos fatos foi bem analisada pelo Ministro Alexandre de Moraes, em contexto rigorosamente similar, in verbis: ‘Rachadinha, que consiste no superfaturamento de valor remuneratório individual de cada assessor para posterior apropriação ilícita do agente público de hierarquia e comando na contratação, ou a contratação de funcionário sem efetiva necessidade relacionada à prestação do serviço, funcionando exclusivamente como ‘entreposto’ à utilização da verba pública de forma desvirtuada, pois não voltada a remunerar contraprestação qualquer’”, diz trecho da representação do PL que fez referência à decisão do ministro.

Para o PL, a análise de Moraes descreve a conduta de André Janones. “A colocação do ministro Alexandre de Moraes é de todo pertinente vez que, categoricamente, o Representado [Janones] diz que irá superfaturar os salários de seus assessores com o objetivo de custear suas dívidas pessoais, mediante desvio de valores”, alega o partido na representação. A sigla reproduz um trecho da gravação na qual Janones diz:

“Tem algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, que vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi 675 mil reais na campanha. Elas vão ganhar mais, só isso”.

A representação do PL também avalia que o repasse de parte dos salários teria sido imposta aos servidores, uma vez que a cobrança partiu diretamente do deputado. Segundo o documento enviado à Mesa Diretora da Câmara, a prática configura crime de peculato.

“A ‘solicitação’, verdadeiramente impositiva ante a própria ascendência funcional hierárquica entre os envolvidos, era dirigida aos funcionários públicos lotados em gabinete, que deveriam destinar parte dos respectivos salários para o proveito do deputado André Janones, tal como retratado nas matérias jornalísticas e nos áudios revelados. Trata-se do famigerado esquema de ‘rachadinha’ – prática ilegal e odiosa que pode configurar, em tese, crime de peculato”, acusa o PL de Bolsonaro.

Em outro trecho da representação, o PL lembra a sugestão de Janones para realização de uma “vaquinha” entre os servidores para levantar dinheiro para a campanha eleitoral do grupo do deputado em 2020. Na gravação, Janones afirma que “se cada um der 200 reais na minha conta, vai ter mais ou menos 200 mil para a gente gastar nessa campanha”.

“Ou seja, Janones buscava institucionalizar uma ‘vaquinha’ mensal entre os servidores de seu gabinete, remunerados com dinheiro público, para tirar proveito pessoal e eleitoral”, alega o PL.

Além do crime de peculato, o partido de Bolsonaro acusa André Janones por quebra de decoro parlamentar, atos de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. O PL pede à Mesa Diretora da Câmara o envio da representação à Corregedoria da Casa e a perda do mandato do deputado. Na sexta-feira (1º/12), a Procuradoria-Geral da República pediu ao STF a abertura de inquérito para investigar a conduta de Janones.

Não deixa de ser curioso o fato de o PL citar Alexandre de Moraes. O ministro é um dos principais alvos das críticas de bolsonaristas ao STF.

Ele é relator de casos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive o inquérito sobre as invasões às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.

O ministro já determinou a prisão de lideranças e o bloqueio das redes sociais de parlamentares, influenciadores e apoiadores do ex-presidente e uma multa de R$ 22 milhões ao PL quando a sigla propôs auditoria nas urnas eletrônicas.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comPaulo Cappelli

Você quer ficar por dentro da coluna Paulo Cappelli e receber notificações em tempo real?