PF “pavimenta” candidatura de Van Hattem ao Senado ao indiciá-lo
“Tiro” dado pela Polícia Federal (PF) sai pela culatra ao indiciar o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) por conta de um discurso na Câmara
atualizado
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A Polícia Federal (PF) deu um tiro que saiu pela culatra ao indiciar o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) devido a um discurso proferido por ele no plenário da Câmara. O movimento acaba por catapultar a candidatura do gaúcho ao Senado, com o apoio de Bolsonaro.
No início do ano, o ex-presidente dizia ter “um pé atrás” com Van Hattem por já ter sido alvo de críticas do deputado. Agora, Bolsonaro vê no jovem político de 39 anos uma das principais vozes da oposição contra a atuação do ministro Alexandre de Moraes no STF.
O inquérito aberto pela PF, que atribuiu ao parlamentar os crimes de calúnia e injúria, jogou Van Hattem ainda mais nos braços de Bolsonaro. Em entrevista coletiva, o ex-mandatário lembrou que a Constituição estabelece que “deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.
Em 2026, Bolsonaro apoiará dois candidatos ao Senado num estado majoritariamente bolsonarista. Van Hattem já mostrou ter o perfil que o ex-presidente busca para a Casa: a disposição para enfrentar o que classifica como “abusos do Judiciário”. São os senadores que podem pautar e votar o impeachment de ministros do Supremo.
Além disso, é pouco crível que Van Hattem sofra qualquer punição significativa por conta do discurso que fez contra o delegado da PF Fábio Shor, que atua com Moraes. Presidente do PT, Gleisi Hoffmann já chegou a dizer que a Polícia Federal agia “fora da lei”, fazia pessoas “cometerem suicídios” e “invadia universidades”. E que a PF havia “desmoralizado o combate à corrupção” por fazer “operações espetaculosas” para aparecer na TV.
Na ocasião, em 2017, nenhum inquérito foi aberto contra Gleisi, que proferiu as palavras da tribuna do Senado.
No Rio Grande do Sul, também estão cotados para a disputa ao Senado em 2026 o governador Eduardo Leite (PSDB), o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) e o senador Luiz Carlos Heinze (PL), que pode tentar a reeleição.