PF ouve resposta de Ramagem ao apurar reunião secreta com Abin de Lula
Revelada pela coluna, reunião secreta entre deputado Alexandre Ramagem (PL) e o chefe da Abin de Lula entrou na mira da Polícia Federal (PF)
atualizado
Compartilhar notícia
A Polícia Federal (PF) apura reunião secreta do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) com o chefe da Abin de Lula, Luiz Fernando Corrêa. Fora da agenda oficial, o encontro ocorreu em 16/6/2023, na sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e foi revelado com exclusividade pela coluna em janeiro deste ano.
No depoimento concedido por Ramagem na quarta-feira passada (17/7), a PF questionou o motivo da conversa envolvendo o parlamentar, que foi diretor-geral da Abin no governo Bolsonaro, e o atual comandante da agência, visto com desconfiança por parte do entorno de Lula.
Em sua oitiva, Alexandre Ramagem respondeu que foi a assessoria da Abin quem o procurou para agendar o encontro com Corrêa. Disse ainda que a visita foi “institucional” e que se colocou como um canal entre a agência e o Congresso Nacional, inclusive para disponibilizar emendas parlamentares.
Ramagem informou que, além de se encontrar com o diretor-geral da Abin, participou de reuniões semelhantes com outros nomes do governo, como o diretor-geral da Polícia Federal [Andrei Rodrigues], o superintendente da PF no Rio de Janeiro [Leandro Almada] e o superintendente da PF no Distrito Federal [Cezar Luiz Busto de Souza].
De acordo com Ramagem, que é delegado licenciado da PF, as referidas agendas ocorreram por causa de sua atuação legislativa, voltada para a área de segurança. O depoimento ocorreu no âmbito do inquérito que investiga suposta “Abin paralela” no governo Bolsonaro.
Alexandre Ramagem é o pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro e aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do prefeito Eduardo Paes (PSD).
Tensão PF x Abin
Em um dos momentos mais tensos da investigação até aqui, a Polícia Federal solicitou ao comando da Abin a lista de todas as pessoas que foram monitoradas pelo First Mile, software israelense que consegue identificar, em tempo real, a localização do alvo com base no sinal do aparelho celular.
A Abin, porém, enviou apenas os números telefônicos, alegando não ser possível associá-los aos respectivos nomes. A postura de Luiz Fernando Corrêa nesse episódio foi vista como “pouco colaborativa”, tanto por investigadores da PF quanto por servidores efetivos da própria agência.
A PF não engoliu a justificativa. Na corporação, chegou-se a cogitar um pedido de prisão preventiva de mais servidores da Abin, além dos que já haviam sido detidos. Coube à cúpula da Polícia Federal, encabeçada por Andrei Rodrigues, entrar em campo para aparar as arestas.
Luiz Fernando Corrêa, contudo, permanece com prestígio junto a Lula.