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PCC: quem é o desembargador que anulou prova contra policiais presos

Desembargador do TRF-3 invalidou conteúdo de celulares apreendidos que indicavam venda de 400 quilos de cocaína ao PCC por R$ 5 milhões

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PCC Desembargador Mauricio Kato TRF3
1 de 1 PCC Desembargador Mauricio Kato TRF3 - Foto: Reprodução

Integrante do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) desde 2014, o desembargador Maurício Kato anulou as provas usadas para incriminar três policiais civis de São Paulo pela venda de 400 quilos de cocaína para o Primeiro Comando da Capital (PCC). A droga foi apreendida em Cubatão (SP) e “devolvida” ao PCC mediante o pagamento de R$ 5 milhões.

As provas foram anuladas após o magistrado apontar que a apreensão de celulares, pela Polícia Federal, não seguiu os trâmites legais. Mesmo após as mensagens indicarem a negociação com o PCC, os agentes foram reintegrados à Polícia Civil.

Antes disso, o desembargador Maurício Kato já havia atuado em casos de grande repercussão, sobretudo na Lava Jato. Tanto pedidos da defesa de Lula quanto de Paulo Preto, acusado de ser o operador do PSDB em São Paulo, passaram pelas mãos do magistrado.

Em dezembro do ano passado, o magistrado anulou as condenações, que somavam 27 anos de prisão, contra Paulo Preto, ex-diretor da Dersa (Departamento Rodoviário SA). O desembargador entendeu que a 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo era incompetente para julgar o caso.

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Vinicyus Soares dos Santos, o Evoque ou Europeu, era dono da droga desviada pelos agentes
PF encontrou conversas do advogado João Manoel Armôa Junior com agentes acusados de  vender cocaína ao PCC
Policiais apresentarm apenas 26 quilos de cocaína do carregamento encontrado em Cubatão
Cocaína que pertencia ao PCC foi apreendida em carga que seria despachada para a Europa
Droga seria enviada pelo PCC para a Europa pelo Porto de Santos
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Desembargador Maurício Kato determinou a anulação das provas contra policiais acusados de vender drogas ao PCC

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Vinicyus Soares dos Santos, o Evoque ou Europeu, era dono da droga desviada pelos agentes

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PF encontrou conversas do advogado João Manoel Armôa Junior com agentes acusados de vender cocaína ao PCC

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Policiais apresentarm apenas 26 quilos de cocaína do carregamento encontrado em Cubatão

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Cocaína que pertencia ao PCC foi apreendida em carga que seria despachada para a Europa

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Droga seria enviada pelo PCC para a Europa pelo Porto de Santos

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Kato considerou que apreensão dos celulares de advogado foi ilegal

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Em 2021, Maurício Kato elaborou o voto que permitiu à defesa de Lula a prática conhecida como “investigação defensiva”. Os advogados do presidente puderam buscar provas em empresas e entidades privadas, atuando da mesma forma investigativa que o Ministério Público Federal. O magistrado justificou que, assim, a defesa teria as mesmas ferramentas para produção de elementos probatórios que o MPF.

Antes disso, em 2018, o desembargador federal contribuiu para manter a prisão de André Puccinelli (MDB), ex-governador do Mato Grosso do Sul acusado de receber propina da JBS para conceder benefícios fiscais à empresa entre 2007 e 2015. Integrante da 5ª Turma do TRF-3, Kato votou contra o relatório do desembargador Paulo Fontes, que defendia a libertação de Puccinelli, seu filho e outras 9 pessoas. O placar da votação foi de 2 a 1 pela manutenção da prisão.

Já no caso do ex-prefeito de Tietê (SP), Manoel David Korn de Carvalho, preso pela Polícia Federal em 2021 em uma investigação que apurou os crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e corrupção na prefeitura, Kato decidiu pela libertação dos acusados. Na operação, a PF cumpriu 22 mandados de busca e apreensão, confiscando R$ 30 milhões em imóveis e veículos. Na decisão, o desembargador alegou que a prisão preventiva não podia ser usada como “punição antecipada dos indiciados”.

Desembargador suspendeu investigação contra juiz

No ano passado, Maurício Kato suspendeu o inquérito da Polícia Federal que investigava denúncias de sonegação fiscal contra o juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior, da 5ª Vara de Família e Sucessões de Campo Grande (MS). O magistrado foi denunciado em três ações penais na Operação Espada da Justiça, pelos crimes de corrupção, peculato, venda de sentença e organização criminosa. Em 2016, o juiz declarou uma renda de R$ 9,7 milhões no ano anterior, mas teve movimentação financeira de R$ 19,3 milhões.

No caso da sonegação, Kato decidiu suspender a investigação após verificar que “o inquérito policial em curso foi iniciado antes de eventual constituição do crédito tributário e, portanto, quando ainda não havia materialidade delitiva, já que primeiro instaurou-se o inquérito policial para, só então, determinar a abertura de processo administrativo fiscal em desfavor do paciente para apuração de eventual delito de sonegação fiscal”. Ele foi punido com a aposentadoria compulsória pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS).

Cocaína apreendida e revendida

No caso dos investigadores da Polícia Civil de São Paulo, Artur Oliveira Dalsin, Marcelo Inácio Vasconcelos Silva e Lucas Valente, a decisão de Kato foi tomada no inquérito resultante da Operação Diamante. As investigações se referiam ao traficante Vinicyus Soares dos Santos, conhecido como Evoque, integrante do PCC e suposto dono dos 400 quilos de cocaína desviados por eles.

Em 2022, a PF cumpriu mandado de prisão contra Evoque e mandados de busca e apreensão contra o advogado dele, João Manoel Armôa Junior. No celular do advogado, foram encontradas conversas que apontaram para a negociação entre os traficantes e os policiais para a venda da droga de volta para o PCC, usando Armôa Junior como intermediário.

De acordo com a denúncia do MPF, o conteúdo do celular indicava que “os policiais civis Artur Oliveira Dalsin, Marcelo Inácio Vasconcelos da Silva e Lucas Valente subtraíram, mantiveram em depósito e renegociaram grande parte dela com o traficante proprietário da droga (cerca de 400 kg de cocaína), por meio do advogado João Manoel Armôa Junior e Thainara Santos de Paula, ao preço de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), sendo que João Manoel reteve 10% (dez por cento) desse valor a título de ‘honorários’ após tratativas levadas a efeito via mensagens de WhatsApp”.

A investigação sobre o desvio das drogas pelos policiais foi separada do inquérito original da Operação Diamante. Os recursos referentes aos dois processos ficaram sob relatoria de Maurício Kato no TRF-3. O magistrado chegou a negar pedidos de habeas corpus impetrados pela defesa dos policiais, mas em um pedido feito por Armôa Junior, Kato acolheu os argumentos de que a apreensão dos celulares pela PF havia sido ilegal.

O desembargador considerou que os mandados de busca e apreensão se referiam apenas ao material apreendido no escritório do advogado. Os celulares estavam com ele no local da prisão de Evoque, um shopping de Santos (SP). Com a anulação das provas, não havia mais elementos que indicassem a conduta irregular dos três investigadores.

Dalsin, Vasconcelos e Valente foram reintegrados às funções na Polícia Civil de São Paulo na última sexta-feira (1º/11). Eles voltam a atuar no Departamento de Polícia Judiciária do Interior em Santos (Deinter 6), o mesmo no qual atuavam na época das investigações.

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