Nova aliança do Centrão ameaça plano de Lira à presidência da Câmara
União Brasil e PSD fecharam coalizão e tentarão atrair o PT de Lula para disputa contra Hugo Motta, candidato escolhido por Lira
atualizado
Compartilhar notícia
União Brasil e PSD, que somam mais de 100 deputados, fecharam uma aliança que pode ameaçar os planos de Arthur Lira (PP-AL) para sua sucessão à presidência da Câmara. A coalizão, selada durante um jantar na casa do ministro do Turismo, Celso Sabino, nesta segunda-feira (9/9), reúne dois dos maiores partidos do Centrão, mesmo grupo político que sustenta Lira.
As duas siglas também estão em tratativas com PDT, PSB, MDB, PRD, Solidariedade e Avante, numa aliança de partidos que soma quase 200 cadeiras na Câmara. Esses acordos podem alterar o equilíbrio de forças na disputa pelo comando da Casa.
Até o momento, Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União-BA) mantêm suas candidaturas independentes, mas deverão se aliar de acordo com o cenário que será apresentado até fevereiro de 2025, quando acontecerá a eleição para a presidência da Casa. Lira, como mostrou a coluna, articulou com o presidente Lula e escolheu o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) como seu sucessor.
Resta saber se a debandada de parte do Centrão poderá levar o governo a reconsiderar seu apoio a Motta.
A aliança entre União e PSD expõe a insatisfação de uma ala do Centrão com a condução de Lira, que não conseguiu anunciar seu candidato até o fim de agosto e encontra dificuldades para unificar os pares em torno de Hugo Motta, que rapidamente se tornou o “novo favorito”. A esperança de reconciliação para os adversários é Lira desistir de fazer um sucessor “ideal” e escolher entre Brito e Elmar.
Para selar de vez o acordo, o PSD prometeu não interferir na eleição de Davi Alcolumbre (União-AP) à presidência do Senado. O congressista é visto como o favorito, mas poderia enfrentar uma disputa com o líder Otto Alencar (PSD-BA) na Casa.
No jantar dessa segunda-feira, foi Antônio Brito quem foi recebido pelo União Brasil. Na casa de Sabino, estavam o presidente da legenda, Antônio Rueda, e outros nomes importantes da sigla, como o deputado Danilo Forte e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. O recado é que o próximo passo é levar Elmar para um encontro com os ministros do PSD.
Elmar é o “ex-favorito” de Lira
Nos bastidores, Elmar Nascimento já é considerado o “ex-favorito” do atual presidente. Até o anúncio de Hugo Motta, o parlamentar baiano era visto como o principal cotado para receber as bênçãos do atual presidente da Câmara. Por isso, o União Brasil abriu mão de diversas comissões em troca de apoio de outras legendas.
O líder do União Brasil, porém, encontrou forte resistência entre o baixo clero e o governo Lula e, por isso, não conseguiu se viabilizar como cancidato do “consenso”. Isso irritou a sua bancada, que se viu sem espaço e sem garantia de que terá o próximo presidente da Câmara. Lira chegou a conversar reservadamente com Elmar, que se recusou a recuar.