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Marielle: polícia ignorou denúncia contra vereador suspeito de desligar câmera

O caso Marielle pode ter novos desdobramentos; o STF foi informado de que a Polícia Civil do Rio de Janeiro ignorou denúncia contra vereador

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Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro
Arquivo - Marielle Franco
1 de 1 Arquivo - Marielle Franco - Foto: Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro

O caso Marielle pode ter novos desdobramentos. O Supremo Tribunal Federal (STF) foi informado de que a Polícia Civil do Rio de Janeiro ignorou uma denúncia feita contra o vereador Halter Pitter dos Santos da Silva, que é… policial civil. Uma denúncia anônima acusa o inspetor de ordenar o desligamento de câmeras no local do assassinato da vereadora do PSol.

Diz um comunicado do Ministério Público do Rio enviado ao STF: “Visando corroborar a veracidade do conteúdo do disque-denúncia, verificou-se a efetiva existência de um policial civil da ativa chamado Halter Pitter dos Santos da Silva e que exercia, à época dos fatos, mandato de vereador em Guapimirim [pelo partido Patriota]. Apesar disso, não foi realizada nenhuma outra diligência visando aprofundar a integridade do conteúdo delatado”.

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O vereador Pitter Silva
O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, preso sob suspeita de acobertar mandantes no caso Marielle Franco
Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ) se defende no Conselho de Ética
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O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, preso sob suspeita de acobertar mandantes no caso Marielle Franco

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Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ) se defende no Conselho de Ética

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Questionado pela coluna, Halter Pitter confirma que nunca foi procurado pela polícia. Ele nega qualquer envolvimento com o crime: “Estou surpreso. Não tenho nada a ver com esse caso, não conheço ninguém, nunca cheguei perto, nunca participei de nada vinculado a isso. É alguma mentira, alguma covardia política… Nunca fui procurado. Eu nunca tive nenhum poder político para desligar câmera de lugar algum”.

Halter Pitter foi inspetor de polícia e ingressou na corporação em 2002. O documento recebido pelo STF foi originalmente enviado pela Procuradoria-Geral de Justiça à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, em 2022. Ele aponta diversos erros na condução da investigação.

O primeiro deles versa sobre o inspetor Carlos Alberto Paúra Júnior. Ele pediu à Companhia de Engenharia de Tráfego as imagens da câmera instalada entre as Ruas João Paulo I com a Estácio de Sá, mas foi informado de que o dispositivo estava inoperante.

O MP aponta que o policial, para justificar a falha do dispositivo, apenas fez referência a entrevistas de autoridades que associaram a inoperância dessa e de outras câmeras a uma suposta ausência de manutenção ou ao mau tempo. A atitude, para a procuradoria, revela “uma inusitada técnica investigativa” e “levanta dúvidas sobre a fiabilidade de tais relatos”.

Além disso, o MP aponta que “diversas notícias colhidas em pesquisas feitas em fontes abertas dão conta da ‘perda’ de imagens relevantes por investigadores da Delegacia de Homicídios, em razão de erros crassos no momento da colheita de tais evidências”, sem sinais de “instauração de procedimentos” para apurar os responsáveis.

A procuradoria também afirma que somente em 2022, após membros da força-tarefa visitarem a sede da Delegacia de Homicídios [DH], foi possível a cópia integral das imagens obtidas logo após o crime. “Centenas de arquivos disponíveis para a DH não haviam sido compartilhados com os técnicos do Ministério Público”, diz um trecho do documento.

Por fim, o MP aponta: “A análise sistemática de todas essas lacunas, em especial quando dizem respeito a elementos de prova tão valiosos quanto as imagens do local do crime e dos trajetos de deslocamento pré e pós-crime dos executores, permite vislumbrar a existência de indícios mínimos de uma ação orquestrada para ocultar ou eliminar relevantes elementos de prova”.

Caso Marielle no STF

O processo no STF tem entre os réus Rivaldo Barbosa, que comandou a Polícia Civil durante as investigações sobre o caso. Ele foi preso sob suspeita de acobertar os mandantes do crime.

Outros réus na ação são o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão. Os irmãos foram presos sob suspeita de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco. As prisões só aconteceram após a entrada da Polícia Federal no caso.

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