Marielle: motivo da execução citado por Lessa intriga classe política
Motivo que levou ao assassinato de Marielle Franco intriga a classe política, que levanta uma hipótese para o envolvimento da família Brazão
atualizado
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Assassino confesso de Marielle Franco, o delator Ronnie Lessa disse à Polícia Federal (PF) que o contexto da execução envolveu uma disputa imobiliária em área de interesse da milícia, na Zona Oeste do Rio. Essa linha de investigação deu um nó na cabeça da classe política carioca.
Como se sabe, Ronnie Lessa também envolveu a poderosa família Brazão em sua delação premiada. Políticos experientes do Rio uniram as informações e estão intrigados com o quebra-cabeça que se apresenta.
Por um lado, o vereador Chiquinho Brazão recebeu em seu gabinete na Câmara o miliciano Cristiano Girão, que atua na Zona Oeste, sete dias antes da execução de Marielle Franco. Por outro, tanto Chiquinho quanto Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, tinham influência de sobra para barrar, na Câmara Municipal, qualquer iniciativa de Marielle que ferisse frontalmente os interesses da família.
Na ocasião do assassinato, o MDB, partido pelo qual Chiquinho se elegeu vereador, controlava com sobras a Câmara. Além do presidente da Casa, Jorge Felippe, o partido tinha oito vereadores. E compunha, ainda, com a ala majoritária do parlamento, composto por siglas do centrão.
Além disso, Domingos Brazão, irmão de Chiquinho e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, era influente no parlamento.
Legislativo versus pessoal
Já o PSol de Marielle tinha seis vereadores que, na maioria das vezes, guerreavam sozinhos contra o governo do então prefeito Marcelo Crivella.
Esse quebra-cabeça faz com que a classe política do Rio considere uma hipótese. Que, talvez, a família Brazão tenha se sentido atacada por Marielle, de alguma forma, no campo pessoal. Não no legislativo.