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Marçal e PSDB de Datena contratam gráfica de condenado por fraudes

Contratada por Pablo Marçal e Datena, empresa é uma das que mais lucrou com a eleição deste ano, recebendo R$ 5,4 milhões

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Datena Pablo Marçal
1 de 1 Datena Pablo Marçal - Foto: Reprodução

Maior fornecedora da campanha de Pablo Marçal (PRTB), a WBL Gráfica Editora pertence a Willington Bekmer Martins de Souza, empresário condenado a 9 anos e um mês de prisão por fraudar licitações em São Paulo. A parcial da prestação de contas de Marçal ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indica que a campanha pagou R$ 231 mil à empresa. O diretório municipal do PSDB, partido de José Luiz Datena, outro candidato a prefeito da capital paulista, pagou R$ 181 mil à companhia de Souza.

Willington Bekmer foi sentenciado pela Justiça de São Paulo a nove anos e um mês de prisão em regime semiaberto, em decisão proferida em fevereiro de 2020. Ele conseguiu diminuir as penas em segunda instância e recorreu novamente com o objetivo de passar para o regime aberto e obter penas alternativas. No entanto, em 22 de julho de 2020, o Ministério Público de São Paulo se posicionou contra o novo recurso. O processo corre no Foro de Ferraz de Vasconcelos. Nesta segunda-feira (16/9), a Justiça deu quinze dias para a defesa do empresário apresentar as alegações finais.

As investigações revelaram que Acir Filló, ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos, utilizou seu cargo, entre 2013 e 2016, para liderar um esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos. A Justiça entendeu que a gráfica de Souza participou de forma simulada de licitações fraudulentas, com preços inflacionados e sem entregar os produtos contratados, apesar dos pagamentos terem sido autorizados por Filló.

A WBL Gráfica e Editora já faturou R$ 5,4 milhões prestando serviços para candidatos nas eleições municipais deste ano. Ainda de acordo com os dados do TSE, a empresa de Willington Bekmer Martins de Souza é a 17ª que mais faturou com o pleito deste ano. Ela recebeu verbas de 691 campanhas e diretórios de partidos.

De acordo com os dados do TSE, a campanha de Marçal fez quatro transferências eletrônicas no mesmo dia, 16/8, para a WBL: uma de R$ 140 mil e três de R$ 21,7 mil. O valor corresponde a 12% dos R$ 1,9 milhão investidos pelo candidato na eleição municipal até o momento.

Além de Marçal e do diretório municipal do PSDB, outros 698 candidatos ou diretórios contrataram a WBL. A maioria deles, 615, pagou valores que vão de R$ 49 a R$ 10 mil. A média de gasto com a empresa foi de R$ 7,8 mil por contratante.

Marçal encontra dificuldades para financiar campanha

Sem usar fundo eleitoral, o empresário conseguiu arrecadar R$ 3 milhões para financiar sua campanha, sendo um dos candidatos com menos caixa declarado ao TSE. Guilherme Boulos (PSOL) conseguiu R$ 55 milhões, sendo o que mais obteve recursos para investir na corrida eleitoral. O atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), teve à disposição até o momento R$ 37 milhões para estruturar sua tentativa de reeleição.

Os três lideram a corrida eleitoral num empate triplo, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (18/9). Ricardo Nunes tem 24% de intenção de voto, enquanto Guilherme Boulos tem 23% e Pablo Marçal aparece com 20%. A margem de erro é de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Na última pesquisa realizada pelo instituto, publicada em 11/9, Boulos cresceu dois pontos percentuais, enquanto Marçal recuou três pontos. Nunes manteve os mesmos 24%. José Luiz Datena (PSDB), que deu a cadeirada em Marçal, oscilou 2 pontos percentuais e assumiu a quarta colocação, com 10% das intenções de voto. Tabata Amaral (PSB) recuou e foi de 8% para 7%.

O que dizem os citados

A equipe de Datena afirmou que “a campanha fez cotações com mais de dez empresas e optou pelo preço mais barato. A prestação de contas está sendo feita de acordo com as exigências da justiça eleitoral com total transparência”.

Procurada, a campanha de Pablo Marçal não comentou. Já a WBL encaminhou à coluna o contato de um representante de outra gráfica de Souza, a FuturaIM. Por nota, a empresa afirmou que a reportagem está “misturando assuntos totalmente distintos e inconfundíveis” e faz “inverídica apologia criminosa”.

Além disso, o representante da WBL afirmou que, como “nenhum processo transitou em julgado, portanto, a empresa não pode ser considerada fraudadora, e sócio considerado condenado”.

“Os serviços gráficos prestados pela empresa WBL, de campanhas eleitorais municipais, estão disponibilizadas no próprio site do TSE. Em relação ao alegado processo da pessoa física do sócio Willington Bekmer Martins de Souza, não temos competência e conhecimento para responder sobre essa questão, afinal, tramita em segredo de Justiça”, completa a nota. A reportagem tentou contato com Souza por meio do telefone de familiares do empresário, que não retornaram o contato.

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