O presidente Lula tem quebrado a cabeça para escolher entre três supostos bolsonaristas para o comando da Defensoria Pública da União (DPU). Os nomes foram enviados ao Planalto na lista tríplice formada pelos integrantes do órgão e são vistos como próximos de Bolsonaro por petistas.

Até o final de 2022, a DPU era comandada por Daniel Macedo, o mais votado na lista tríplice, com 75% dos votos. Seu nome foi avalizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para o primeiro mandato. Na defensoria, Macedo é visto como um entusiasta do ex-presidente. Porém, o defensor já homenageou, na chefia da DPU, nomes de esquerda como o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias (PT), as deputadas Jandira Feghali (PCdoB) e Lídice da Mata (PSB), e o senador Fabiano Contarato (PT).

O segundo colocado na lista tríplice é o defensor Igor Roque, ex-presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef), chefe da DPU em Brasília. Ele era apontado como favorito até uma foto do defensor, sorridente ao lado de Jair Bolsonaro, começar a circular nas redes sociais e parar no Planalto, esquentando a disputa.

Leonardo Magalhães, terceiro colocado na lista tríplice, também teria ligações com a família de Bolsonaro, sobretudo com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente. Seu nome foi defendido para a DPU por Ana Cristina Vale, ex-mulher de Bolsonaro, em mensagens interceptadas pela CPI da Covid.

Fontes do Planalto afirmam que Lula deverá bater o martelo esta semana sobre o indicado à DPU.

Atualização: Após a publicação da nota, o defensor Igor Roque entrou em contato com a coluna e negou ser bolsonarista. Ele afirmou que a foto com o então presidente Bolsonaro foi tirada após reunião na qual ele participou na condição de presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos Nacionais. Ele também enviou à coluna uma foto na qual aparece em manifestação contra o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. (Foto abaixo)

Já o defensor Leonardo Magalhães se pronunciou por meio de nota:

“O defensor reitera que não possui ‘ligações com a família de Bolsonaro, sobretudo com o deputado federal Eduardo Bolsonaro’. Diz que, em 2019, quando coordenava a atuação da Defensoria Pública no Posto de Triagem e Identificação em Pacaraima/RR, recebeu a visita oficial dos deputados integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, após aprovação pela Comissão de requerimento do deputado Eduardo Bolsonaro, que compôs a comitiva.

Durante a visita foi apresentada a atuação da DPU na prevenção do tráfico de crianças e adolescentes migrantes. Em relação a sra. Cristina o defensor ressalta que não a conheceu e nem foi apresentado a ela, bem como desconhece qualquer medida que tenha tomado em relação ao seu nome na lista tríplice em 2020.”