Lula e Lira negociarão vagas no TCU para conter insatisfação na Câmara
Dois ministros do Tribunal de Contas da União deixarão os cargos, abrindo espaço para Lula e Lira negociarem sucessão na Câmara
atualizado
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O governo Lula colocará duas vagas de ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) na mesa de negociações para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. Como mostrou a coluna, o presidente da República e o deputado chegaram a um consenso e trabalham para Hugo Motta (Republicanos-PB) presidir a Casa a partir de 2025. O problema é que a escolha deixou insatisfeitos os deputados Elmar Nascimento (União-BA) e Antônio Brito (PSD-BA), até então vistos como favoritos na disputa.
Dessa forma, as duas indicações poderiam acalmar os ânimos dos parlamentares, que ainda insistem nas candidaturas. A primeira vaga a aberta no TCU será a de Aroldo Cedraz, que completa 75 anos e se aposentará compulsoriamente em 2026. A outra é de Augusto Nardes, que deve antecipar sua aposentadoria para se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul pelo PL nas próximas eleições. Nos bastidores, as apostas indicam que Elmar é o favorito para ser contemplado com o luxuoso “prêmio de consolação”.
O posto de ministro do TCU é o sonho de muitos parlamentares, sendo considerado uma aposentadoria antecipada, uma espécie de “pijama dourado”. O cargo oferece “garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens aos Ministros do Superior Tribunal de Justiça”. Ou seja, o ministro terá um dos salários mais altos serviço público e contará, também, com foro especial no Supremo Tribunal Federal (STF), ao mesmo tempo em que se mantém longe dos holofotes.
O TCU é um órgão de assessoramento do Poder Legislativo, com atribuição de controle externo. Ou seja, ele tem a função de avaliar a prestação de contas do presidente da República, realizar inspeções e auditorias por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou de comissão técnica ou de inquérito.
Lira recebe Elmar Nascimento
O presidente da Câmara recebeu o líder do União Brasil nesta quarta-feira (04/09). De acordo com interlocutores, a conversa entre os dois foi difícil, pois Elmar resiste aos apelos do aliado para deixar a disputa pela presidência da Casa.
A articulação incomodou Elmar Nascimento, pois ele era visto como o favorito de Lira para sucedê-lo. O líder do União Brasil ignorou os apelos do aliado e reafirmou que buscará os votos para chegar à presidência da Casa. Apesar de ter conseguido apoio de caciques de partidos como PSB e PDT, Elmar é considerado inviável pela má relação com o Planalto e pelas dificuldades de trânsito com o baixo clero da Câmara.