Lewandowski tira cargo de PRF gravado cobrando propina de motorista
Agente punido por Lewandowski foi filmado em investigação da PF; grupo pedia dinheiro para deixar de aplicar multas
atualizado
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou a perda do cargo público do agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Gisdelson Mario de Oliveira, preso por corrupção ao cobrar propina de motoristas em rodovias federais de Minas Gerais.
Com autorização da Justiça, a Polícia Federal (PF) filmou o agente e seu parceiro exigindo dinheiro de um motorista de ônibus e discutindo a divisão do suborno.
Oliveira trabalhava na 17ª Delegacia da PRF em Uberlândia (MG) e foi um dos alvos da Operação Domiciano, da Polícia Federal, deflagrada em junho de 2017. A ação prendeu 15 agentes da PRF e quatro empresários ligados ao esquema. Os agentes exigiam propina para deixar de aplicar multas aos motoristas abordados.
Durante as investigações, Oliveira foi filmado pedindo dinheiro para liberar um ônibus em situação irregular. “Vamos fiscalizar tudo, mesmo? Hãm? Vamos olhar tudo mesmo… A documentação?”, diz o agente ao motorista de um ônibus de viagem, em uma das gravações.
“Mas o que que o senhor quer, as passagens?”, questiona o motorista. “O documento, rapaz”, responde o colega de Oliveira, identificado como Alexandre Mesquita Ciuffa.
O motorista retorna ao veículo e volta com uma prancheta e dinheiro em espécie. “Filho da put4 tá andando com dinheiro na mão”, reclama Oliveira ao parceiro.
A gravação mostrou também o momento em que os agentes discutem a divisão do dinheiro, cogitando a possibilidade de rasgar uma nota ao meio. “Rasgar?”, pergunta Oliveira. “É, no meio”, responde Ciuffa. “Fod4 se errar a medida. Você sabe que isso aí só tem validade se for maior que 50% do tamanho inteira. Essa nota pouquinho rasgadinha tem valor do mesmo jeito”, diz Oliveira.
Além da cobrança de vantagens, os agentes investigados pela PF foram acusados de inserir informações falsas nos sistemas da PRF. Para enganar a administração da PRF em Uberlândia, alguns agentes realizavam testes de bafômetro em si mesmos e registravam os resultados como se fossem de motoristas abordados. O objetivo era fingir o cumprimento de metas de fiscalização.
Os empresários e comerciantes presos na Operação Domiciano atuavam no ramo de seguros, guincho e pátios e eram beneficiados pelos agentes com a prioridade no atendimento de ocorrências.
No total, 15 agentes foram presos. O Ministério Público Federal em Minas Gerais apresentou 17 denúncias contra os envolvidos, por crimes como corrupção passiva, prevaricação, inserção de dados falsos em sistema, concussão, violação de sigilo funcional e corrupção ativa.
Oliveira foi demitido do cargo em 2019, em procedimento disciplinar aberto pela PRF. A perda do cargo decretada por Lewandowski considerou decisão da 1° Vara Federal Cível e Criminal da Seção Judiciária de Uberlândia nesse sentido. A perda do cargo encerra o vínculo jurídico-administrativo entre o ex-servidor e a União.