Lewandowski é questionado sobre bilhetes do PCC indicando votos em SP
Oposição quer convocar Lewandowski para esclarecer se o Ministério da Justiça sabia dos bilhetes antes do primeiro turno das eleições
atualizado
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Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski está sendo questionado sobre a descoberta de bilhetes escritos por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), indicando votos nas eleições para as prefeituras de Santos e São Paulo. Um requerimento apresentado à Comissão de Segurança Pública da Câmara pede a convocação do ministro para prestar esclarecimentos sobre o assunto.
O requerimento, assinado pelo deputado bolsonarista Marcos Pollon (PL-MS), questiona se o Ministério da Justiça e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram informados sobre os comunicados do PCC ainda em setembro, quando os primeiros bilhetes foram apreendidos.
“O Ministério da Justiça e o Tribunal Superior Eleitoral, provavelmente, devem ter tido conhecimento dos fatos acima narrados e não trouxeram a público as indicações criminosas para as eleições, não fazendo a devida comunicação ao público em geral”, afirmou o deputado no documento.
Pelo menos cinco bilhetes com indicações de voto na cidade de Santos e na capital paulista foram interceptados pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo, conforme revelado pela coluna. O “Salve das Eleições” era destinado a amigos e familiares de integrantes da facção.
Entre os comunicados, os policiais penais encontraram uma contraindicação, ou seja, a orientação para o voto contrário à candidata Rosana Valle, em Santos. A mensagem foi localizada no dia 10 de outubro, já no segundo turno das eleições, na Penitenciária II de São Vicente.
Também foram localizados quatro comunicados com indicações de voto na chapa formada por Guilherme Boulos (PSol) e Marta Suplicy (PT) na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Os bilhetes manuscritos foram apreendidos em setembro, antes do primeiro turno das eleições em São Paulo.
O primeiro foi localizado no dia 11, na Penitenciária II de Presidente Venceslau, onde o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, esteve preso entre 2006 e 2019. O segundo foi encontrado no dia seguinte, 12 de setembro, no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros IV.
Os outros dois foram interceptados na Penitenciária de Riolândia, no dia 19, e na Penitenciária I de Guareí, no dia 30. De acordo com as informações obtidas pela coluna, não foram encontrados manuscritos do PCC referentes à indicação de voto para o segundo turno na capital paulista.
Os bilhetes
Leia abaixo bilhetes interceptados sobre as eleições em São Paulo, aos quais a coluna teve acesso:
“Meus irmãos, estamos vindo através deste que chegou uma ideia da sintonia, por boca que era para nós reunirmos a massa e deixar neles que, se possível, trocar um papo com o nosso pessoal para estarem votando no Boulos, que até mesmo dentro de questões ele irá nos apoiar em algumas causas nossas, sendo dentro do sistema e na rua, para obtermos um êxito dentro da nossa luta. [Ilegível] sincero abraço e qualquer dúvida é só dar um salve.”
“Primeiramente, um forte abraço a todos, e viemos deixar todos cientes que veio da sintonia. Vamos ressaltar a todos que o comando não fecha com nenhum partido político, mas em cima da situação que estamos vivenciando, viemos pedir que, se possível, pedirem para seus familiares que podem apoiar e votar na Marta Suplicy e no Boulos do PT. Agradecemos a atenção de todos.”
“A princípio, deixamos nossos mais sinceros abraços a todos. Estamos vindo por meio deste interagir com a quadrilha! Meus irmãos, estamos vindo por meio deste pedir a atenção da quadrilha, pois chegou um papo pra nós no ‘verbal’ para estarmos parando a massa e pedindo apoio referente aos seus familiares estarem votando na ‘Marta Suplicy’ e no ‘Guilherme Boulos’. Meus amados, esse papo é de grande importância, pois o dia da eleição já está chegando e contamos com o apoio de todos. Esse foi o papo que chegou para nós, assim esperamos que a quadrilha possa ter total [ilegível]. Qualquer dúvida, estamos por aqui!”