Lewandowski é cobrado após PRF questionar partido político de agentes
Oposição na Câmara convocará o ministro Ricardo Lewandowski para explicar aplicação de questionário sobre “afinidade partidária”
atualizado
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Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski será cobrado pela oposição na Câmara por um questionário apresentado a agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre a “identidade” e “afinidade partidária” dos agentes da corporação. Lewandowski é alvo de um requerimento de convocação elaborado pelos deputados Sanderson e Zucco, ambos do PL, para explicar a aplicação do questionário. A solicitação será pautada na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara, que conta com maioria absoluta de bolsonaristas.
O questionário foi entregue aos agentes formados em 2022 durante um curso de Direitos Humanos obrigatório. Para Sanderson, as perguntas sobre a afinidade partidária indicariam uma tentativa de interferência na PRF.
“Parece haver uma interferência político-partidária na PRF. Por que querem saber a preferência de cada um? Se é Lula, Bolsonaro ou quem quer que seja. Isso é um critério para o policial ser promovido ou não? Isso é uma questão pessoal de cada um”, disse o deputado do PL gaúcho, que presidiu a Comissão de Segurança Pública até o início desde ano.
A dúvida até o momento é se o requerimento será na forma de convocação ou convite, que pode ser rejeitado pelo ministro. Sanderson defende a convocação, que obriga Lewandowski a comparecer à audiência. A expectativa é de que o requerimento seja aprovado na próxima sessão da comissão, que é formada em sua maioria por integrantes da oposição na Câmara.
A convocação de Lewandowski acontece em meio ao plano do ministro para extinguir a PRF e transformá-la em uma Polícia Ostensiva Federal, dando mais poderes à corporação. De acordo com uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) elaborada por Lewandowski, a nova polícia teria autonomia para atuar em rodovias, ferrovias, hidrovias e instalações federais, além do apoio a forças estaduais de segurança em situações de emergência. A PEC prevê ainda a criação de novos cargos e a integração de dados estaduais em um sistema unificado de registro de ocorrências.
De acordo com informações passadas pela PRF ao site Poder 360°, a resposta ao questionário era “facultativa e anônima” e que, assim, as informações não seriam mantidas no banco de dados dos agentes. A corporação alegou que o teste, um exame Teste de Associação Implícita (TAI) promovido pela Universidade de Harvard, serviria como uma “autoreflexão sobre a influência ideológica na interação com grupos vulnerabilizados”.
O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, não deverá ser chamado pela comissão, uma vez que a prerrogativa constitucional da Câmara inclui apenas a convocação de ministros e autoridades diretamente subordinadas ao presidente da República.