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Lewandowski demite PRF gravado em escuta com a “Máfia do Cigarro”

Agente da Polícia Rodoviária Federal punido por Lewandowski foi citado por integrantes da quadrilha em conversas interceptadas pela PF

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Lewandowski PRF cigarros
1 de 1 Lewandowski PRF cigarros - Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

Preso pela participação na chamada “Máfia do Cigarro”, que controlava centenas de carretas usadas no contrabando da mercadoria, Moacir Ribeiro da Silva Netto foi demitido da Polícia Rodoviária Federal (PRF) pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Na quadrilha, Netto era identificado pelo apelido de “Tio”, citado em gravações obtidas com a quebra do sigilo telefônico de integrantes da organização presos em ações anteriores.

“Tio” foi um dos sete agentes da PRF investigados na operação Cem por Cento, deflagrada pela Polícia Federal em 2020. O grupo foi acusado de receber propina para permitir a passagem dos veículos com contrabando vindo do Paraguai pelas rodovias federais do Mato Grosso do Sul, onde atuavam.

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BMW foi apreendida com um dos agentes presos pela P:F
Apreensão de carga com 430 mil maços de cigarros contrabandeados deu início às investigações
Conversas entre criminosos mostrou envolvimento de agentes da PRF
Conversas entre criminosos mostrou envolvimento de agentes da PRF
Planilha com escala de trabalho de agentes da PRF foi encontrada com a quadrilha
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Lewandowski demitiu Netto, à frente, e Alaércio, ao fundo, agentes da PRF presos por contrabando de cigarros

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BMW foi apreendida com um dos agentes presos pela P:F

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Apreensão de carga com 430 mil maços de cigarros contrabandeados deu início às investigações

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Conversas entre criminosos mostrou envolvimento de agentes da PRF

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Conversas entre criminosos mostrou envolvimento de agentes da PRF

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Planilha com escala de trabalho de agentes da PRF foi encontrada com a quadrilha

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Lewandowski assinou demissão e perda de aposentadoria de agentes da PRF

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Em alguns casos, os policiais rodoviários chegavam a escoltar as carretas para evitar abordagens pela Polícia Militar. Todos foram afastados de suas funções e tiveram bens confiscados. Nas casas dos agentes, a PF apreendeu joias, documentos e uma BMW que pertencia a um dos acusados. A equipe atuava nas unidades da PRF em Rio Brilhante, Nova Alvorada do Sul, Naviraí e Eldorado.

Em uma das conversas interceptadas pela PF entre os criminosos identificados como “Oreia” e “Tilápia”, “Tio” é citado por um integrante da organização após ter permitido a passagem da carreta com os cigarros contrabandeados. “O carro [a PRF] chegou aqui e é o ‘Tio’ [Moacir] que tá dentro”, diz um dos acusados.

O policial também aparece em outro diálogo, por ter autorizado a saída de uma das carretas do posto da PRF em Rio Brilhante enquanto os outros agentes estavam almoçando. Em outra situação, “Lulu”, um dos integrantes da quadrilha, diz ao comparsa que vai mandar uma viatura da PRF até a carreta.

“Eu vou mandar o carro [da PRF] ir aí, daí você não fica assustado não, tá?”, diz Lulu. “Beleza”, responde “Pavão”, o motorista do caminhão. “Mandar o carro [PRF] ir aí, mas fica de boa, daí os PÉ PRETO [PM] não enchem teu saco”, explica Lulu.

Na avaliação da PF, a conversa “leva a crer que os agentes policiais, na data, não só se omitiam em seu dever público de reprimir práticas criminosas, mas também atuavam em favor dessas práticas”. Em planilhas encontradas com os criminosos, os policiais que participavam do esquema eram classificados como “bons”.

Operação Trunk

Moacir Ribeiro da Silva Netto, o “Tio”, já havia sido preso pela PF em 2019, no âmbito da operação Trunk. Na mesma ação, foi detido o agente da PRF Alaércio Dias Barbosa, que teve a aposentadoria cassada pelo ministro Ricardo Lewandowski na quinta-feira (14/11), mesma data da demissão de “Tio”.

A operação Trunk cumpriu 15 mandados de busca e apreensão e oito de prisão preventiva nas cidades de Campo Grande, Dourados, Ponta Porã, Rio Brilhante, Embu-Guaçú (SP) e São Bento (PB). Ele foi libertado em janeiro de 2020 e preso novamente em março, na operação Cem por Cento.

O grupo começou a ser investigado em julho de 2018, após a apreensão de um caminhão com 430 mil maços de cigarros vindos do Paraguai. Durante as investigações, 19 carregamentos foram interceptados e 26 pessoas foram presas. Na época, a PF calculou um prejuízo de R$ 70 milhões sofrido pelo grupo com as apreensões.

Alaércio e “Tio” respondem a uma ação civil por improbidade administrativa e a uma ação penal por contrabando ou descaminho. Em junho deste ano, a 3ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande declinou da competência para julgar a ação por improbidade, que retornou à Subseção Judiciária de Campo Grande. Os autos acabaram voltando ao colegiado de 2ª instância em outubro e aguardam julgamento. A ação penal aguarda o desfecho desse processo para ter seguimento.

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