Jornalista do Estadão tem conta invadida e sofre ameaça de vazamento
Editora-executiva do Estadão em Brasília, jornalista Andreza Matais teve conta no Gov.BR invadida, com ameaça de exposição de dados pessoais
atualizado
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Editora-executiva do Estadão em Brasília, Andreza Matais teve invadida a sua conta no Gov.BR, portal do governo federal que reúne serviços para cidadãos. Golpistas trocaram a senha de acesso da jornalista e exigiram dinheiro para não divulgar dados de seu Imposto de Renda.
Antes da invasão, a jornalista foi atacada nas redes sociais por divulgar, nesta quarta-feira (4/10), uma reportagem com o título “Lula atuou em operação para banco emprestar US$ 1 bilhão à Argentina e barrar avanço de Javier Milei”.
Assinada pela colunista Vera Rosa, que integra a equipe de Andreza Matais no Estadão, a matéria foi contestada pelo Planalto. Nas redes, uma parte dos apoiadores do governo dirigiu ofensas às premiadas jornalistas, outra parte apresentou argumentos.
Assessor da Presidência, George Marques associou “setores da grande imprensa” à “extrema-direita” e ao “gabinete do ódio“, em comentário no X (antigo Twitter). O servidor afirmou que Lula não atuou para interferir pela liberação do empréstimo, uma vez que a decisão teria sido tomada pela diretoria do banco.
Em resposta, Andreza Matais escreveu “11.306,90”, em referência à remuneração mensal recebida pelo assessor pelo cargo que exerce na Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência.
E, na postagem seguinte, o assessor replicou: “Daqui por diante vai ser assim: publicou mentira e fake news nós responderemos com apuração de verdade. Bateu, levou”.
Como todo servidor público, seja comissionado ou concursado, George Marques tem seus vencimentos publicados no Portal da Transparência.
A divulgação do salário na rede social, contudo, irritou alguns apoiadores do governo, que interpretaram a exposição como um ataque pessoal ao assessor. Após esse episódio, as hostilidades a Andreza Matais aumentaram.
No final do dia, a jornalista teve sua conta no Gov.BR invadida. Por e-mail, golpistas exigiram dinheiro para não vazar informações pessoais. Ela disse que tomará as providências necessárias.
Opinião
O assessor da Presidência tem o direito, e até mesmo o dever funcional, de usar as redes sociais para contestar reportagens e esclarecer pontos que julgue pertinentes. Mas associar o veículo de imprensa à “extrema-direita” e ao “gabinete do ódio” para tentar desqualificá-lo parece, no mínimo, imprudência.
Com postura combativa ao longo do governo passado, o Estadão revelou o caso das joias de Bolsonaro; o esquema dos pastores do MEC, que levou à queda do então ministro da Educação, Milton Ribeiro; e, para ficar em três exemplos, expôs as entranhas do orçamento secreto.