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Investigação aponta superfaturamento de material em colégios militares

Investigação sigilosa da Inteligência da PMGO também apontou pagamento de propina a deputado para promoção de oficiais em colégios militares

atualizado

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Reprodução: TV Anhanguera
Alunos de colégio militar são filmados em cima do telhado em Aparecida de Goiânia, Goiás
1 de 1 Alunos de colégio militar são filmados em cima do telhado em Aparecida de Goiânia, Goiás - Foto: Reprodução: TV Anhanguera

Um relatório do setor de Inteligência da Polícia Militar de Goiás aponta superfaturamento em compras de material escolar para colégios militares do estado e um esquema para a escolha de empresas que produzem a cerimônia de formatura dos alunos. As informações fazem parte da investigação sigilosa, obtida pela coluna, que apontou tráfico de influência e pagamento de propina ao deputado estadual Coronel Adailton (Solidariedade).

Os investigadores indicam que a Gráfica Sete firmou contrato para a produção de agendas escolares e superfaturou o valor. Em 2020, o governo de Goiás fez uma tomada de preços para compra de 65 mil agendas, e a empresa apresentou uma proposta de R$ 7,28 por  unidade. Em setembro de 2022, a mesma empresa fez uma oferta para produzir 71 mil unidades, por R$ 14,50 cada. Em janeiro deste ano, o então comandante de Ensino da PM, Coronel Luciano Souza Magalhães, definiu que o valor a ser cobrado seria de R$ 30 por cada agenda.

“Informações dão conta de que o valor extrapolado foi repassado como doação de campanha para o deputado estadual Coronel Adailton (SD)”, diz um trecho do relatório. Os contratos com a gráfica foram firmados através de associações de pais, mestres e familiares dos Colégios Militares. A empresa ainda foi contratada, em 2022, para atuar na campanha eleitoral de Adailton e recebeu R$ 58 mil.

O Coronel Adailton é apontado no relatório como responsável por um esquema de propina para influenciar na promoção de agentes, dos quais teria cobrado cerca de R$ 5 mil para fazê-los chegar aos cargos de diretores. Como mostrou a coluna, o coronel Luciano Magalhães, quando foi comandante de Ensino da PM, atuou como uma espécie de “braço direito” do parlamentar, que manteve influência política sobre 19 das 82 unidades de colégios militares de Goiás.

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Trecho do relatório sobre esquemas de tráfico de influência e corrupção nos colégios militares em Goiás.
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Trecho do relatório sobre esquemas de tráfico de influência e corrupção nos colégios militares em Goiás.

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O relatório de inteligência não deixa claro quanto foi pago pelas agendas. Existem diversas associações de pais, mestres e funcionários — todas de direito privado —  dos colégios militares, sem dados disponíveis. A seção de transparência do site da Polícia Militar de Goiás tampouco apresenta números sobre contratos.

O esquema nas formaturas dos colégios militares

O relatório de inteligência aponta ainda que há tráfico de influência na escolha das empresas que realizam eventos e formaturas dos colégios militares, com recursos das Associações de Pais, Mestres e Familiares (APMFs).

Na mira dos investigadores estão contratos com as empresas Patricia Saries Eventos, Alto Rellevo Produtora de Eventos Eireli, Alto Rellevo Fotos e Eventos Ltda, Gr8 Infórmática e Sistemas Ltda e a Grafset Grafica Editora Ltda, que seriam impostas pelo coronel Luciano Magalhães.

“As três primeiras teriam como foco principal a solenidade de formatura, mas o que na verdade ocorria era o uso das instalações dos Colégios e de servidores públicos para a realização dos eventos. Não existem critérios de regulação de aquisição de contratos para prestação de serviços e outros gastos que essas associações administram”, apontou o relatório. Segundo o documento, 35 das 82 unidades de colégios militares de Goiás celebram contrato com ao menos uma dessas empresas.

A inteligência da PM ainda destaca que as empresas ofereciam a cerimônia militar, mesmo sendo de responsabilidade dos colégios. Além disso, segundo o relatório, houve execução do treinamento de maneira onerosa por policiais militares da ativa. Já os bailes de formaturas, aulas da saudade e fotografia, de interesse privado, eram executados por PMs que trabalham nos colégios, mas contratados e pagos pelas empresas.

O parecer indica que alunos do Colégio Militar Vasco dos Reis tentaram celebrar contrato com outra empresa para realizar uma cerimônia na Academia da Polícia Militar, mas o coronel Luciano Magalhães teria barrado e imposto a contratação da Alto Rellevo, com custo de R$ 390 por aluno da instituição.

Todas as informações acima são alvo de um inquérito recém-instalado pela Corregedoria da Polícia Militar.

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