Gusttavo Lima e Deolane podem perder passaportes, diz relatora da CPI
Relatora da CPI das Bets, Soraya Thronicke aprovou convocações de Gusttavo Lima e Deolane e cita até Interpol caso os dois não compareçam
atualizado
Compartilhar notícia
Relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) guarda uma carta na manga para conseguir fazer o cantor Gusttavo Lima e a influenciadora Deolane Bezerra comparecerem às audiências no Senado. À coluna, a parlamentar afirmou que, caso a dupla tente driblar a convocação, solicitará à Justiça medidas cautelares como o recolhimento dos seus passaportes. E vai além: caso tentem deixar o país durante as investigações, pedirá a inclusão deles na lista vermelha da Interpol.
O temor de Soraya Thronicke é que os artistas envolvidos com bets supostamente irregulares, além dos donos dessas empresas, deixem o país e fiquem longe do alcance do colegiado, diminuindo o poder até mesmo de eventuais quebras de sigilo. A senadora teria ficado apreensiva ao receber imagens de aviões particulares que pertencem a pessoas investigadas.
Regimentalmente, uma CPI não pode determinar a apreensão de passaportes. A relatora, contudo, pode encaminhar ofícios à Polícia Federal cobrando a medida. Mas ela não desistirá em caso de negativa da corporação. “Se for preciso, vamos à Justiça”, afirmou.
A CPI das Bets aprovou as convocações de Gusttavo Lima, Deolane Bezerra e mais influenciadores como Jojo Todynho, Viih Tube e Tirulipa, além do cantor Wesley Safadão.
Na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que Deolane decidisse se compareceria ou não à convocação. Ela escolheu não ir ao Senado. Na ocasião, o ministro André Mendonça entendeu que ela teria direito de não se incriminar. Como resposta, o colegiado quebrou o sigilo da influencer.
Gusttavo Lima foi indiciado pela PF por lavagem de dinheiro e organização criminosa. O músico fez campanhas publicitárias financiadas por empresas de apostas e também teria adquirido 25% de participação da VaideBet, empreendimento investigado. Deolane chegou a ser presa preventivamente na mesma operação, em setembro.
A equipe do músico afirmou que ele não está envolvido em irregularidades: “A defesa de Gusttavo Lima acredita que a CPI não encontrará motivos para tomar qualquer medida para restringir direitos do cantor, ao tomar conhecimento dos diversos pronunciamentos do Ministério Público do Estado de Pernambuco, atestando que as investigações revelaram inexistir qualquer atividade ilícita sua ou de suas empresas, o que levou a Promotoria a apresentar pedido de arquivamento do inquérito, que aguarda apreciação pela Juíza de 1º grau”.
A assessoria negou que o músico tenha relação de sociedade com a empresa: “Gusttavo Lima não é sócio da empresa. O contrato social comprova isso. Ele não faz parte do quadro societário. Além do contrato de uso de imagem para fins publicitários, o cantor assinou um contrato que lhe daria 25% de eventual venda da marca para outra companhia. Esse contrato se justifica pelo fato de a imagem do cantor ter alavancado muito o valor da marca. O contrato de cessão envolve tão somente a marca VaideBet, e não a empresa globalmente considerada”.
A CPI
O colegiado foi instaurado no dia 12/10 e está traçando seu plano de trabalho. O senador Dr. Hiran (PP-RR) foi eleito presidente. Para o cargo de vice-presidente, foi escolhido o senador Alessandro Vieira (MDB-SE). A senadora Soraya Thronicke foi designada relatora do colegiado. O prazo de encerramento da comissão é 30 de abril de 2025.
A CPI é formada por 11 titulares e 7 suplentes. Seu propósito é investigar “a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras”, além da “possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro”, bem como o “uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades”.