Com tríplice bacteriana atrasada, governo doa 60 mil doses ao exterior
Segundo relatório da Unicef, Brasil corresponde a 40% das crianças que não receberam doses da tríplice bacteriana América Latina
atualizado
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O governo federal doou 60 mil doses da tríplice bacteriana para o exterior, mesmo com 2,6 milhões de crianças no Brasil em atraso no calendário de vacinação.
A vacina, também chamada DTP, previne contra difteria, tétano e coqueluche. As doses foram enviadas pelo Ministério da Saúde à Palestina.
De acordo com o relatório “Situação Mundial da Infância 2023″, divulgada pela Unicef este ano, 1,6 milhão de crianças no Brasil não receberam sequer uma dose da tríplice viral bacteriana entre 2019 e 2021.
Isso corresponde a 40% de todas as crianças que não receberam nenhuma vacina DTP na América Latina.
A doação do governo brasileiro à autoridade palestina aconteceu em julho, três meses após a divulgação do relatório da Unicef, e chamou a atenção do deputado Rodrigo Valadares (União Brasil).
As vacinas foram entregues à ministra da Saúde da Palestina, Mai Salem Al-Kailah.
Há dez dias [desde 17/10], a coluna tem questionado o Ministério da Saúde sobre as doações em meio ao significativo atraso na vacinação no Brasil. A pasta informa que ainda apura o caso.
A doação de vacinas e medicamentos a países estrangeiros é coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Os pedidos recebidos pelo MRE são encaminhados ao Ministério da Saúde.
O procedimento é feito em regime de cooperação humanitária.
Essas doações dependem do monitoramento do prazo de validade dos medicamentos em estoque no Ministério da Saúde. Caso seja detectada a proximidade do vencimento, a pasta pode encaminhar os medicamentos às secretarias estaduais ou municipais de Saúde ou doá-las para outros países.