Fuga ocorreu meses após reclamação sobre rigor em prisões federais
Primeira fuga de um presídio federal, em Mossoró, ocorreu 11 meses após audiência no governo em que esposa de líder do CV criticou rigor
atualizado
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A fuga de integrantes do Comando Vermelho registrada na Penitenciária Federal de Mossoró, a primeira em uma unidade de segurança máxima, ocorreu 11 meses após audiências, no governo, que abordaram o suposto rigor excessivo das cinco unidades administradas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
As reclamações foram externadas em audiência realizada em março de 2023, na sede Ministério dos Direitos Humanos, com entidades que representam familiares de detentos. O encontro teve a participação da esposa de um dos líderes do Comando Vermelho no Amazonas, Luciane Farias, que foi porta-voz das queixas envolvendo a vistoria de visitantes.
Ela é casada há 22 anos com o Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, condenado a 31 anos de prisão por associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Durante a audiência, Luciane Farias, que comanda o Instituto Liberdade do Amazonas, criticou principalmente as revistas dos familiares e o chamado body scan. Ela também já foi condenada por lavagem de dinheiro para o CV, mas recorreu da sentença e responde em liberdade.
“Peço que seja vista a situação das visitas, que nós, familiares, quando vamos visitar, temos o problema da revista vexatória, porque mesmo com o body scan, aparece a tal da mancha e 20, 30, 40 pessoas retornam e não conseguem ver seus familiares”, disse Luciane.
Tio Patinhas ficou detido na Penitenciária de Mossoró, onde aconteceu a fuga, entre 2018 e 2020. Hoje, cumpre pena no sistema prisional do Amazonas e aguarda resposta da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) sobre seu retorno a um presídio federal.
Em janeiro, o governo federal comprou 119 scanners corporais criticados pela esposa de Tio Patinhas. Os equipamentos vão reforçar a segurança em presídios de 22 estados e do Distrito Federal. Os cinco presídios federais já contam com os body scan.
O custo estimado da aquisição dos 119 scanners corporais foi colocado sob sigilo pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), responsável pela compra, por meio da Secretaria Nacional de Políticas Penais. No mercado, o preço unitário de cada equipamento gira em torno de R$ 220 mil. Considerando esse valor, a compra pode chegar a R$ 26 milhões.