Foragidos do Comando Vermelho no país buscam refúgio em morros do RJ
Lideranças do Comando Vermelho (CV) e de outras organizações criminosas aliadas recebem proteção em morros do Rio de Janeiro, aponta PF
atualizado
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Os morros do Rio de Janeiro se tornaram refúgio para integrantes do Comando Vermelho (CV) foragidos da Justiça em outros estados. As informações são de policiais federais especializados no combate a essas facções criminosas.
Somente neste ano, líderes de organizações criminosas de estados como a Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Pará já foram localizados, presos ou mortos em confronto em comunidades do Rio.
O número de ocorrências desse tipo em 2023 acendeu um sinal de alerta para a Polícia Federal. Eles indicam uma tendência perigosa de fortalecimento da associação entre o CV e organizações de outros estados.
Mais do que localizar o foragido, o principal desafio se tornou conseguir prender o criminoso, uma vez os morros dominados pelo Comando Vermelho costumam ter significativo arsenal bélico.
Seja pela iniciativa de formar parcerias para dominar o tráfico nesses locais, seja para ampliar o alcance da própria facção, o CV tem buscado cada vez mais se espalhar pelo Brasil. Parte desse movimento inclui oferecer abrigo, no Rio, para criminosos procurados nessas regiões.
Em janeiro, Messias Tales de Souza Izidio, conhecido como Talibã, chefe de uma facção criminosa do Ceará, foi preso em São Conrado, na zona sul do Rio. Segundo as investigações, ele atuava na Rocinha e era responsável pelo envio de armas e drogas para o Nordeste.
Em março, Leonardo Costa Araújo, o Léo 41, foi morto junto com outros suspeitos em uma operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Ele era acusado de liderar, à distância, o braço do Comando Vermelho no Pará. Léo 41 estava foragido desde 2021.
Na mesma semana de abril, foram presos no Rio três líderes do tráfico de dois estados diferentes. Gabriel Ítalo da Silva Costa, o Torto, do Mato Grosso, Luiz Andemberg Virgílio Ferreira, o Berg Coringa, e Andreza Cristina Lima Leitão, a Bibi Perigosa, do Rio Grande do Norte, foram localizados na capital fluminense.
No início deste mês, a Polícia Civil do Rio prendeu o traficante Márcio Arandiba Santos, conhecido como Tila. Ele estava foragido da Justiça da Bahia desde 2018 e foi localizado em Curiacica, na zona oeste.
Todas essas situações, para a Polícia Federal, estão relacionadas. Elas demonstram a estratégia do CV em abrigar aliados para capilarizar suas ações nos estados.