Flamengo: Cacau Cotta rebate defesa de Bandeira de Mello
Dirigente do Flamengo nega ter influenciado delegado que indiciou Bandeira de Mello por incêndio e falou em “desespero” do ex-chefe do clube
atualizado
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O diretor de Relações Externas do Flamengo, Cacau Cotta, rebateu as alegações da defesa do ex-presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, sobre uma conversa entre ele e o delegado Márcio Petra, que investigou o incêndio no Ninho do Urubu em 2019.
Segundo a defesa de Bandeira de Mello, o fato de Petra ter se consultado com Cotta influenciou a decisão do delegado de indiciar o ex-presidente do Flamengo pela morte de 10 atletas da base do clube.
“Em primeiro lugar, o delegado não é meu parente, mas primo de minha ex-esposa. Em segundo lugar, o deputado Bandeira está sendo processado pelo Ministério Público que analisou todas as provas e constatou haver elementos para torná-lo réu no processo criminal. A denúncia do Ministério Público foi aceita pelo juiz e acreditar que uma conversa com o delegado Márcio Petra é a razão do processo, é desqualificar toda a instituição do Ministério Público, bem como do Judiciário”.
De acordo com Cotta, o contato com o delegado tratou apenas da estrutura do clube. Para a defesa de Bandeira de Mello, o direcionamento dado por Cotta com relação às atribuições de cada dirigente levou ao indiciamento do ex-presidente.
“A minha conversa com o delegado se restringiu a elucidar sua dúvida a respeito da estrutura administrativa do clube, que é pública e consta em seu estatuto. Como bom flamenguista e cidadão, não seria razoável não colaborar com informações públicas para um caso que o desfecho tanto interessa as famílias das vítimas e a nação rubro-negra”, disse o diretor.
“A denúncia apura a conduta do deputado Bandeira no tocante à assinatura de documentos relevantes e possíveis omissões e negligências em relação ao incêndio. Fatos que nunca foram abordados por mim com o delegado ou publicamente, até mesmo por não ter nada contra o ex-presidente, que muito fez pela instituição”, declarou Cotta.
O dirigente, que foi nomeado para o cargo dias depois da conversa com o delegado, disse ainda ter ficado surpreso com as alegações da defesa de Bandeira de Mello, as quais classificou como “desespero”.
“Atuo no Flamengo desde 2009, e sempre realizei minhas funções visando o melhor interesse do clube. Não cabe a mim julgar a responsabilidade do deputado. Para isso existe a Justiça. No entanto, é de espantar o desespero da sua defesa ao desqualificar o trabalho do Parquet e da Polícia Civil”, afirmou.
A defesa do ex-presidente do Flamengo pediu a abertura de um procedimento investigativo contra Márcio Petra depois que o delegado admitiu, em depoimento, não ter registrado a conversa com Cotta no inquérito sobre o incêndio.
“Ele não fez contato comigo. Eu que fui até ele, porque ele era referência para mim do Flamengo. Eu não gosto de futebol, não tenho time, né. Então ele, para mim, era a pessoa que poderia me dar a estrutura do Flamengo. Eu não queria nomes, eu queria a estrutura. Como que o Flamengo comportava e basicamente as responsabilidades”, disse Petra.
O delegado indiciou Bandeira de Mello 10 vezes pelo crime de homicídio, três vezes por lesão corporal e por “causar incêndio expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem”, agravado pela morte dos atletas. O ex-presidente do clube foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e responde a uma ação penal.
“As declarações de Luiz Claudio Cotta versaram sobre questões intimamente ligadas ao objeto do inquérito policial, sobretudo aquelas relativas ao escopo de trabalho da Diretoria, Vice-Presidência e Presidência do Flamengo. Foram justamente considerações dessa índole que levaram o Representado [Petra] à questionável conclusão de que o Representante [Bandeira de Mello] seria o gestor com ‘domínio final do fato’”, alega a defesa de Bandeira de Mello.