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Empreiteiro diz ter pago propina a secretário de Obras: “Grana na mão”

Em depoimento à Justiça, empreiteiro confessa ter pago valores ao secretário de Obras de Macapá: “Entreguei o dinheiro dentro do carro”

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Empreiteiro propina Macapá
1 de 1 Empreiteiro propina Macapá - Foto: Reprodução

Empresário do ramo da construção civil, Claudiano Monteiro de Oliveira acusa o secretário de Obras e Infraestrutura Urbana de Macapá (AP), Cássio Cruz, de ter recebido propina em um contrato de R$ 10 milhões, reajustado para R$ 15 milhões, para construção de uma praça. Processado por calúnia pelo secretário por ter feito as acusações em uma rede social, o empreiteiro confirmou a denúncia em depoimento prestado à Justiça, no último dia 2 de agosto.

Monteiro é proprietário de duas empresas em Macapá, a XC Casa Construção e a Construmas. Ele afirma que a licitação para a construção da praça Jacy Barata, às margens do Rio Amazonas, aconteceu em 2020. O contrato foi assinado em 2021, e as obras começaram em 2022. No final daquele ano, o empreiteiro conta ter recebido R$ 1,2 milhão da prefeitura, referente à segunda medição, como são chamadas as etapas da obra.

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Empreiteiro Claudiano Monteiro acusa secretário de cobrar propina para construção de praça em Macapá
Prefeito de Macapá Antônio Furlan
Praça Jacy Barata foi inaugurada em junho deste ano
Empresário diz ter pago R$ 10 mil a secretário de Obras
Antõnio Furlan, prefeito de Macapá, com o secretário Cássio Cruz
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Secretário Cássio Cruz é acusado por empresário de cobrar propina de R$ 20 mil

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Empreiteiro Claudiano Monteiro acusa secretário de cobrar propina para construção de praça em Macapá

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Prefeito de Macapá Antônio Furlan

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Praça Jacy Barata foi inaugurada em junho deste ano

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Empresário diz ter pago R$ 10 mil a secretário de Obras

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Antõnio Furlan, prefeito de Macapá, com o secretário Cássio Cruz

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Empresário diz ter sido expulso de canteiro de obras por não pagar propina a gestor

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Desse valor, o empresário disse ter repassado 5% para um “superior” de Cássio Cruz e, em seguida, teria recebido a cobrança para pagamento da parte do secretário, de R$ 20 mil. O empreiteiro contou ter pago apenas a metade do valor em espécie, dentro de um carro. Na mesma ocasião, um outro empresário teria pago R$ 30 mil a Cruz, referente a outro contrato. O acerto era que os pagamentos fossem feitos a cada medição da obra.

“Foi no primeiro pagamento. Foi no final de 2022 para 2023. A segunda medição que eu recebi da obra. A medição no valor de R$ 1,2 milhão”, contou Monteiro. “Eu dei 5% para a pessoa acima dele, o chefe dele lá. E para ele, ele queria que eu desse R$ 20 mil por medição. E eu dei só R$ 10 mil.

O outro empresário disse que dava em torno de R$ 30 mil a R$ 50 mil por medição que ele recebia. O meu foi R$ 10 mil reais dessa vez”, disse o empreiteiro em depoimento.

“Eu entreguei dinheiro na mão dele. Ele foi na minha casa, recebeu dinheiro em espécie da minha mão e junto estava outro empresário que entregou a ele na minha frente. Entrou todo mundo no carro e ele recebeu o dinheiro.

O HD já foi entregue às autoridades e está sob investigação. Do dia em que ele esteve lá, parou o carro dele, desceu, entrou no outro carro e pegou o dinheiro, meu e do outro empresário. Em espécie. Dessa vez, foi uma vez, mas existem outras situações que não vou poder me aprofundar agora”, afirmou o empreiteiro.

O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, uma vez que a obra recebeu recursos federais repassados pelo Ministério do Turismo.

Mais dinheiro

Monteiro contou ainda que decidiu denunciar a extorsão depois que a prefeitura teria passado a dificultar o andamento da obra até que, em setembro de 2023, outra construtora teria sido escalada para concluir o projeto. “Eu fiz a entrega do dinheiro, e depois eles ficaram dificultando o andamento da obra, porque queriam propina em valores maiores. Aí ficaram dificultando, não pagaram. Até que, à força, tiraram a empresa para dar [a obra] a um parceiro deles, que também já é objeto de investigação”.

A mudança de empreiteira na obra da praça Jacy Barata rendeu a Monteiro uma denúncia de dano ao patrimônio público, à qual o empresário responde na 3ª Vara Criminal de Macapá. Conduzido para prestar depoimento na Polícia Civil, o empreiteiro negou ter danificado a obra e alegou nunca ter recebido “nenhum distrato, notificação ou documento informando a troca de empresas”.

“A Guarda Municipal foi até o canteiro de obras e retirou os trabalhadores da empresa do local, sob o argumento de que a empresa não teria contrato com o município e que a titularidade das obras pertence à empresa Santa Rita Engenharia”, disse Monteiro à Polícia Civil. A praça Jacy Barata foi inaugurada pelo prefeito de Macapá, Dr. Antônio Furlan (MDB), em junho deste ano.

Sobre a denúncia de crime contra a honra apresentada por Cássio Cruz, o empreiteiro disse ter falado “apenas a verdade”. “Para mim, não era crime. Eu não estava ofendendo a honra dele nem caluniando, porque ele pegou propina da minha mão. Eu simplesmente só falei a verdade. Eu sou empresário, tenho contrato com o município, o secretário pega propina da empresa, é sinal que eu estou errado? Eu só falei a verdade”.

A coluna tentou contato com a Prefeitura de Macapá e com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura Urbana, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.

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