Suspenso, desembargador que pediu fim da PM vira alvo da Câmara
Desembargador poderá responder a procedimento no Conselho Nacional de Justiça, a pedido da Câmara
atualizado
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Suspenso das funções no Tribunal de Justiça de Goiás, o desembargador Adriano Roberto Linhares Camargo, que pediu o fim da Polícia Militar durante uma sessão, agora virou alvo da Câmara dos Deputados.
O deputado Coronel Ulysses, do União Brasil, quer a abertura de procedimento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para apurar a conduta ética e disciplinar do magistrado. No requerimento, o parlamentar lembrou as declarações feitas por Camargo.
“Para mim tem que acabar com a Polícia Militar e instituir uma forma diferente de atuação na área de investigação e da repressão ao crime. A Polícia Militar como reserva técnica do Exército é para enfrentar inimigo. É este o seu papel e é por isso que temos abusos e excessos, seguidos, recorrentes”, disse o desembargador.
Na avaliação do deputado, Camargo demonstrou desconhecimento das funções da Polícia Militar ao classificá-la como “reserva técnica do Exército”.
“Destaca-se do infeliz discurso o preconceito em relação à atuação da Polícia Militar de Goiás, induzindo, em tese, que o fato dos membros da referida corporação alcançarem êxito, quando em confrontos armados com infratores, é revestido de abusos e excessos. Essa passagem da declaração realizada, demonstra ausência de equidade e, consequentemente, deveria situar o referido magistrado à condição de suspeição, quanto a qualquer ato judicial relativo à Polícia Militar de Goiás ou a seus Membros”, alega o parlamentar.
Depois das declarações, Camargo voltou atrás e afirmou que a PM de Goiás deveria ser “admirada”.
“A Polícia Militar merece a consideração e a admiração de todos, e deve continuar com seu valoroso trabalho. Como toda organização civil ou militar, necessita de permanente estímulo e aprimoramento para melhor servir aos cidadãos”, disse.
O desembargador acabou sendo afastado das funções na segunda-feira (6/11) pelo Órgão Especial do TJ/AL, que considerou que o magistrado teria emitido opinião pessoal durante voto oral. O afastamento será válido até que o colegiado decida sobre a abertura de um processo disciplinar. Camargo continua recebendo seus vencimentos.
O requerimento do deputado Coronel Ulysses será votado pela Comissão de Segurança Pública da Câmara. Se aprovado, o ofício solicitando a abertura de procedimento contra Camargo será enviado ao CNJ.