Delegado do caso Pablo Marçal x Datena já trocou tiro com policiais
À frente da 15ª Delegacia da Polícia Civil de São Paulo, que investiga a cadeirada de Datena em Marçal, delegado trocou tiro com policiais
atualizado
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Delegado titular da 15ª Delegacia da Polícia Civil de São Paulo, em Itaim Bibi, Rodrigo Castro Salgado da Costa assumiu a investigação da cadeirada dada por José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) no debate da TV Cultura. O histórico do policial tem um aspecto curioso.
Rodrigo da Costa já se envolveu em um tiroteio com policiais civis de Minas Gerais, episódio que deixou dois mortos. O fato foi noticiado pelo próprio Datena, agora na mira do investigador, em seu programa de televisão.
Na ocasião, um grupo de policiais paulistas, incluindo o atual delegado, viajou para Juiz de Fora para fazer “bico” escoltando três empresários de São Paulo. Os homens de negócios foram à região para tentar trocar dólares por R$ 14 milhões com um agiota mineiro, que, por sua vez, estava acompanhado de 7 seguranças, sendo 3 homens da Polícia Militar de Minas Gerais.
O tiroteio começou quando os policiais paulistas perceberam que o dinheiro que estava sendo negociado era falso. Três pessoas foram atingidas por disparos. Um dos empresários de São Paulo e um investigador mineiro acabaram morrendo, ao atirarem um contra o outro. O caso ocorreu em 2018.
“Abriram uma mala cheia de dinheiro, nunca vi uma coisa dessas, só na TV. Abriu e mostrou as notas. (…) O Jerônimo [um dos empresários)] alertou: ‘É golpe'”, descreveu Rodrigo da Costa em depoimento ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
O agiota também foi ferido, mas sobreviveu. Na época, Rodrigo da Costa chegou a ser preso junto com o também delegado Bruno Martins Magalhães Alves, além dos investigadores Caio Augusto Freitas Ferreira de Lira e Jorge Barbosa da Miranda.
Volta ao serviço
Em dezembro de 2018, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus e autorizou a soltura deles após pedido da defesa. Em abril de 2019, a Corte aceitou outro pedido dos advogados e determinou o retorno às funções dos quatro policiais de São Paulo presos após o incidente.
Procurada pela coluna, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que “os policiais envolvidos na ocorrência tiveram suas armas e funcionais restituídas há três anos, após uma decisão da Justiça de Minas Gerais” e que “os agentes não possuem restrição administrativa”.
Por conta de sua postura nas redes sociais, nas quais compartilhava fotos da rotina de trabalho, o delegado Rodrigo da Costa chegou a receber o apelido de “Doutor Selfie” na corporação. Atualmente, ele adota uma postura bem mais discreta na internet.
Caso da cadeirada à mesa do delegado
O candidato do PRTB foi alvo de uma cadeirada de José Luiz Datena durante o debate da TV Cultura com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, no último domingo (15/9). Como mostrou a coluna, a postura do ex-coach após a agressão rendeu comparações com o caso de José Serra (PSDB), atingido por uma bolinha de papel em 2010.
O boletim médico do Hospital Sírio-Libanês apontou “traumatismo na região do tórax à direita e em punho direito, sem maiores complicações associadas” para o candidato. Após a cadeirada, ele pediu ambulância e foi levado com máscara de oxigênio para a unidade médica.
O assunto voltou a dominar a campanha nesta semana durante o debate promovido pelo UOL/Rede TV!. Datena afirmou ter agido em legítima defesa da honra e disparou contra Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só. Eu não vou fazer isso. (…) Eu fui atacado de forma vil, canalha e absurda”.
Marçal insistiu no assunto: “No último debate, eu estava terminando a minha fala dizendo que o Datena não é homem. Aqui eu ratifico. Ele não é, ele é um agressor. As cadeiras foram parafusadas no chão porque ele teve um comportamento análogo a um orangotango, em uma tentativa de homicídio contra mim”.
Novas pesquisas
Agora, duas novas pesquisas eleitorais Quaest e DataFolha, que serão divulgadas nesta quarta (18/9) e quinta-feira (19/9), definirão os próximos passos de Pablo Marçal e do prefeito Ricardo Nunes (MDB). A campanha do emedebista espera confirmar o viés de alta do atual prefeito, atribuído a uma postura “moderada” ante a performance do ex-coach.
Para Pablo Marçal será um testes sobre os efeitos da cadeirada que levou de Datena. E se o discurso do “eu contra todos” ainda o coloca como um dos favoritos a ir para o segundo turno ou se a retórica começa a cansar o eleitor, exigindo novas abordagens de comunicação.