Delegado da PF que indiciou Temer e Gleisi assume posto na Europa
Delegado da PF que atuou na força-tarefa da Lava Jato vai trabalhar como oficial de ligação junto à Europol, em Haia
atualizado
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A Polícia Federal (PF) nomeou o delegado Thiago Machado Delabary para o importante posto de oficial de ligação junto à Agência da União Europeia para Cooperação Policial (Europol), em Haia, na Holanda. Quanto atuava na força-tarefa da operação Lava Jato, entre 2017 e 2020, Delabary atraiu os holofotes ao indiciar o ex-presidente Michel Temer e a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann.
Em 2017, foi autor do relatório que apontou indícios de corrupção passiva supostamente praticada pelo então presidente Michel Temer, a partir de delações da JBS. E recorreu, também, de decisão da Procuradoria Geral da República (PGR) em arquivar uma ação contra o então senador Antonio Anastasia, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
Visto como rigoroso, Delabary também comandou a Unidade de Repressão de Desvios de Recursos Públicos no Rio Grande do Sul. Em 2020, com o declínio da Lava Jato e as denúncias de irregularidades nas investigações, ele e outros delegados deixaram o setor da PF que investiga pessoas com foro privilegiado. Ele deixou a sede da Polícia Federal em Brasília e voltou para a superintendência do Rio Grande do Sul.
Delabary foi designado para o cargo em Haia, nos Países Baixos, ao lado do também delegado Thiago Severo Resende, indicado em maio. Segundo a portaria assinada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a missão terá duração de dois anos, é enquadrada como transitória e será realizada com mudança de sede, transporte de mobiliário e bagagens e com acompanhamento de dependentes.
A nomeação de Resende, publicada dias antes de o delegado mudar o entendimento do inquérito que apurou as ofensas sofridas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no aeroporto de Roma, foi criticada pela oposição, que falou em “interesses político-pessoais”.
A interlocutores, Andrei Rodrigues garantiu que a escolha de Severo Rezende para o posto na Europa já havia sido oficializada antes mesmo de o delegado assumir o inquérito envolvendo Moraes e o empresário Roberto Mantovani. Em conversas reservadas, Andrei classificou a situação como uma “coincidência” e negou qualquer relação entre a indicação e o caso de Roma.