Daniel Silveira diz à PF que R$ 10 mil apreendidos eram de sua esposa
Em depoimento à Polícia Federal, Daniel Silveira afirmou que “de R$ 8 mil a R$ 10 mil” apreendidos em espécie em sua casa eram de sua esposa
atualizado
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Em depoimento à Polícia Federal, Daniel Silveira disse que nem todo o dinheiro em espécie apreendido em sua casa, em fevereiro, era dele próprio. O ex-deputado afirmou que “de R$ 8 mil a R$ 10 mil” eram de sua mulher, Paola da Silva Daniel. Segundo o parlamentar, esse dinheiro vivo seria “fruto do trabalho da esposa como advogada”. A versão apresentada chamou a atenção de investigadores. Não pelo valor em si. Mas pelo fato de, em 2020, Paola ter se inscrito para receber o Auxílio Emergencial, pago durante parte da pandemia de Covid.
Paola recebeu R$ 3.600 em sete parcelas, que variaram entre R$ 300 e R$ 600. Após o jornal “O Globo” revelar que ela embolsou o auxílio mesmo ocupando cargo no Jardim Botânico, autarquia do Ministério do Meio Ambiente, a advogada informou que devolveria os valores. “Um tempo depois de solicitar o benefício, soube que seria nomeada. Comecei a pesquisar sobre o cancelamento do auxílio. Vi que o cancelamento era muito burocrático”, justificou à época. Duas parcelas de R$ 600 foram devolvidas, de acordo com registros atualizados do governo federal. No cargo comissionado, ela recebeu salário mensal de R$ 5,6 mil. Paola foi exonerada em março de 2021, após o caso se tornar público.
Na oitiva à PF, Daniel Silveira foi indagado sobre R$ 257 mil em espécie apreendidos em sua casa. Ele disse que, “na verdade”, o valor correto seria R$ 243 mil. O ex-deputado argumentou que “desde sempre saca parte do salário em banco para guardar em casa”. E que sua mãe e seu avô também costumam sacar seus vencimentos para guardar em casa. Silveira afirmou que todo o valor está declarado na Receita Federal.
Daniel Silveira também foi questionado sobre uma transferência de R$ 150 mil para a conta da esposa. A PF apura se a movimentação ocorreu com objetivo de burlar o bloqueio judicial do qual o ex-deputado seria alvo. Silveira argumentou que “não tinha conhecimento de que sua conta seria bloqueada, até porque não havia motivos jurídicos”. O ex-deputado disse ter se tratado de “transação comum do dinheiro do salário para futuramente, se fosse o caso, aplicarem nos negócios que acharem conveniente”.
Repasses de R$ 106 mil para assessor
A Polícia Federal também apura repasses de uma conta com o CPF de Daniel Silveira a seu então chefe de gabinete, Pablo Diego Pereira da Silva, entre janeiro e março de 2022. O ex-deputado afirmou que as transferência não foram de sua conta pessoal, mas de uma “conta de reembolso parlamentar”. Silveira disse que, por ser seu chefe de gabinete, Pablo Diego tinha “a incumbência de liquidar as despesas da atividade parlamentar”.
Dessa forma, argumenta, o assessor recebia o reembolso do que foi gasto. Daniel Silveira ponderou que a conta de reembolso é atrelada ao Banco do Brasil e obrigatoriamente está vinculada ao CPF do parlamentar que lidera o gabinete. E que, para movimentações pessoais, utiliza uma outra conta, no Bradesco. No depoimento, Daniel Silveira disse que todas as despesas que foram reembolsadas por Pablo Diego podem ser comprovadas na Câmara dos Deputados.
A PF também questionou Daniel Silveira sobre valores repassados via Pix para sua esposa, Paola da Silva Daniel. O ex-deputado disse se tratar de uma “vaquinha” aberta pelo agora deputado Gustavo Gayer (PL) para “garantir a subsistência de sua família”, uma vez que todos seus bens estavam bloqueados. E que, posteriormente, pediu para cancelarem a vaquinha para “não ser acusado de tentar se prevalecer da situação para arrecadar dinheiro”.
Nas eleições de 2022, Paola Daniel se candidatou a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PTB, mesmo partido do marido. Ela obteve 25 mil votos e não conseguiu se eleger. Daniel Silveira, por sua vez, recebeu 1,5 milhão de votos e acabou na terceira posição na disputa ao Senado. Ele está preso desde 2 de fevereiro por ordem de Alexandre de Moraes. Na decisão, o ministro do STF apontou “recorrentes descumprimentos de medidas cautelares”.