Corrupção: delegado da PF que perdeu aposentadoria é professor da UFRJ
Delegado condenado em processo administrativo pela PF é acusado de receber propinas de R$ 400 mil a R$ 1,5 milhão para proteger empresários
atualizado
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O delegado da Polícia Federal (PF) Lorenzo Martins Pompílio da Hora [foto em destaque], que teve sua aposentadoria cassada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública Ricardo Lewandowski, é professor de Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Graduado em Administração, Economia e Direito, com pós-graduação em Educação, o delegado leciona as disciplinas de Teoria da Responsabilidade Civil, Direito das Obrigações e Direitos Reais II na instituição.
Pompílio da Hora foi punido por Lewandowski após ser condenado em processo administrativo disciplinar por receber propinas que variavam entre R$ 400 mil e R$ 1,5 milhão. De acordo com investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF), o delegado recebia uma “mesada” para atuar em benefício de empresários investigados, intercedendo junto aos colegas que presidiam os inquéritos contra essas pessoas.
Ele foi preso em 2019, no âmbito da Operação Tergiversação, que também atingiu o delegado Wallace Noble Santos Soares e os empresários Marcelo Freitas Lopes, Durival de Farias, Dulcinara de Farias e Victor Duque Estrada Zeitune.
O grupo atuava dentro da Superintendência da PF no Rio de Janeiro. De acordo com o MPF, Pompílio da Hora trabalhava para evitar que as investigações em curso chegassem aos empresários que pagavam a propina. Na maioria das vezes, os pagamentos eram feitos em dinheiro. Outros valores eram repassados por transferências a empresas ligadas aos envolvidos.
“Esses agentes ainda tinham a incumbência, em alguns casos, de atuar em favor dos empresários, intercedendo junto a delegados que presidissem outras investigações que pudessem alcançá-los, para novamente evitar que fossem revelados os crimes praticados pelos empresários parceiros”, apontou o Ministério Público Federal.
Na UFRJ, Pompílio da Hora trabalha principalmente com os temas de responsabilidade civil, direito de família, dano moral, alienação parental e direito internacional privado. Em 2023, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidiu trancar a ação penal contra o delegado após a apresentação de um laudo de insanidade mental. No processo administrativo disciplinar aberto pela PF, ele foi condenado por “prevalecer-se, abusivamente, da condição de funcionário policial, e praticar atos de improbidade administrativa e de corrupção”.