Ciro Nogueira: Senado mirar impeachment de ministro do STF é um “erro”
Presidente do PP e grande aliado de Bolsonaro, senador Ciro Nogueira é contra impeachment de ministros do STF, mas defende “recuo” da Corte
atualizado
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Presidente nacional do PP e um dos principais aliados de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira é contrário ao impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. O parlamentar, que atua por uma anisita ao ex-mandatário, classifica como um “erro” o afastamento de magistrados da Corte, como Alexandre de Moraes, ser tratado como prioridade por parte da classe política. Ele defendeu, contudo, que o STF “dê um passo atrás” para que não vire “tema” das eleições de 2026.
“Eu acho um erro você colocar como questões e metas para o Senado o impeachment de ministros. Eu também acho que o Supremo tem que dar um passo atrás e sair um pouco dos holofotes para que não vire o tema da eleição do Senado. Existe uma perspectiva muito forte de o conservadorismo no nosso país eleger uma maioria expressiva de senadores. Isso é praticamente impossível de não acontecer”, avaliou Ciro Nogueira.
“Você dizer se a esquerda vai ganhar a Presidência da República com o Lula ou a direita com o Bolsonaro, Tarcísio ou seja lá quem for, é uma discussão. Mas que o conservadorismo vai ganhar as eleições para o Senado, isso é impossível de não acontecer”, projetou o presidente do PP.
“Chegou o momento de dar um passo atrás, tanto o Supremo sair um pouco dos holofotes, quanto nós mudarmos a pauta para o que interessa no dia a dia das pessoas. Essa questão de impeachment de ministro não é vital para a vida das pessoas. Vital para a vida das pessoas é a inflação muito alta, a violência está cada dia tomando conta do nosso país através das organizações criminosas. Então, são essas situações que eu acho que importam mais para o cidadão do que impeachment de ministro”, opinou o senador.
Ciro Nogueira afirmou que o afastamento do ministro Alexandre de Moraes do inquérito que apura plano de golpe seria “o ideal”. Mas ponderou que, a partir da decisão do STF que manteve Moraes na relatoria desses processos, o debate seja superado.
“Eu achava que o ideal era haver esse afastamento. Mas o Supremo Tribunal Federal já decidiu. E decisão judicial a gente cumpre. Eu acho que nós temos que virar essa página. Eu acho que o Brasil está com tantos problemas. Nós estamos hoje com a gasolina chegando a R$ 6,15. Nós temos o maior processo de insegurança da nossa história. O problema de segurança passou a ser uma questão mais importante do que saúde, educação e emprego”, opinou Ciro Nogueira.
“E nós, todos os dias, ficamos com confusão de inquérito. As pessoas que vivem o dia a dia, que estão inseguras lá no interior do Piauí, na periferia de São Paulo, às vezes, ‘meu Deus, será que só tem esse assunto? Só isso que é importante para o Brasil?’ Eu acho que o eleitor mandou um recado muito claro nessas eleições, que ele está cansado dessas discussões que não resolvem os problemas do nosso país. E eu espero que o quadro político de Brasília volte a cuidar dos interesses da população e deixe essas questões. Nós temos que virar essa página, encerrar essas discussões. Tocar a vida e cuidar das pessoas que mais precisam no nosso país”, avaliou.
Pacificação
Ciro Nogueira confirmou a realização de uma reunião ocorrida em sua casa, em novembro de 2022, entre o então presidente Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes, com o objetivo de pacificar a relação entre os dois. A reunião veio público a partir do vazamento de um áudio do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
“Eu sempre tentei pacificar essa relação. Eu nunca escondi de ninguém que sou amigo do ministro Alexandre de Moraes há muito tempo. E ninguém coloca em dúvida a minha lealdade ao presidente Bolsonaro. Eu tentei pacificar essa situação. Realmente, houve esse encontro. Eu não participei, apenas promovi esse encontro. Infelizmente, esse enfrentamento fez mal ao país, fez mal às instituições. E eu torço todos os dias para que a gente encerre esse capítulo da nossa história”, disse o senador.