Cartão que pôs Bruno Henrique na mira da PF foi mal aplicado, diz STJD
Lance que colocou Bruno Henrique na mira da PF por suposta manipulação de resultado foi julgado pelo STJD em novembro de 2023
atualizado
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No julgamento do lance que colocou Bruno Henrique na mira da Polícia Federal por uma suposta participação num esquema de apostas esportivas, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) entendeu que sequer houve falta no lance que originou o cartão amarelo para o atacante do Flamengo. “Não vi contato no lance que o jogador do Santos dá uma caneta [em Bruno Henrique]. O árbitro já foi dando cartão amarelo. Isso deve ter o irritado. E aí ele foi tomar satisfação com o árbitro e claramente se excedeu”, apontou Diego de Azevedo, relator do caso no STJD.
A suspeita da PF é que Bruno Henrique tenha procurado receber propositalmente o cartão amarelo para beneficiar parentes num esquema de manipulação de apostas esportivas. O lance investigado ocorreu nos acréscimos, aos 50 minutos do segundo tempo.
Na ocasião, o jogador sofreu um drible de Soteldo quando o Flamengo perdia por 2 x 1 para o Santos. O juiz entendeu que houve falta e puniu o atleta com amarelo. Após reclamação acintosa, ele foi expulso. O árbitro anotou na súmula que Bruno Henrique colocou o dedo em riste e o xingou de “seu merda”.
A defesa do atleta, representada pelo advogado Michel Asseff, disse que não poderia assumir a “presunção de veracidade” do juiz, pois a súmula seria “imprestável, já que uma das justificativas de fato não aconteceu”. O advogado completou: “A última vez que foi advertido foi em 2015, esse é o Bruno Henrique”.
Em sua manifestação, a procuradoria chegou a argumentar junto ao STJD: “Assim que Bruno Henrique toma o drible, segura o atacante. Estava 2 x 1 para o Santos e, ao levar um drible próximo à torcida, obviamente ele ‘perdeu a cabeça’. Só confirma de maneira bastante clara que ele cometeu a falta que levou amarelo. Imediatamente vai ao árbitro. Ele vai peitar”, disse o procurador Fabrício Trindade de Sousa.
O jogador foi alvo de busca e apreensão na manhã dessa terça-feira (5/11), no âmbito da operação Spot-Fixing. Ela é realizada pela Coordenação de Repressão à Corrupção, da Polícia Federal (PF), e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
A operação contra Bruno Henrique
De acordo com o MPDFT, o jogador teria tomado os cartões de maneira intencional. Segundo a Polícia Federal (PF) e o MPDFT, o objetivo seria permitir que seus familiares obtivessem lucro em apostas esportivas.
Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão contra suspeitos. Entre eles, um irmão, uma cunhada e uma prima do atleta. As investigações indicam que, com conhecimento antecipado sobre a postura do jogador, familiares criaram contas em casas de apostas online na véspera do jogo e fizeram apostas focadas especificamente nas punições.
Ainda de acordo com as investigadores, os suspeitos teriam obtido ganhos irregulares com a suposta manipulação. PF e MPDFT afirmaram ter identificado o mesmo padrão de apostas nas contas dos outros seis investigados.
Os mandados foram cumpridos nas residências dos investigados, incluindo a casa de Bruno Henrique, na Barra da Tijuca (RJ), na sede de uma empresa da qual ele é sócio, em Lagoa Santa, e no quarto do jogador no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu.