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Carro de luxo vendido por Deolane pôs a mãe na mira da polícia

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, baseou prisão de Deolane e mãe; veja documento

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Polícia Civil de Pernambuco também levou a mãe de Deolane Bezerra, Solange Alves Bezerra.
1 de 1 Polícia Civil de Pernambuco também levou a mãe de Deolane Bezerra, Solange Alves Bezerra. - Foto: Instagram/Reprodução

A compra e a venda de um carro de luxo em um curto período de tempo colocou a mãe de Deolane Bezerra, Solange Bezerra, na mira das autoridades policiais. As duas foram presas preventivamente, nesta quarta-feira (4/9), suspeitas de envolvimento num esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. A decisão judicial que botou mãe e filha atrás das grades foi baseada em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda. A coluna teve acesso à íntegra do documento.

Nele, os investigadores apontam que a transação do automóvel indica “tentativa de ocultar e disfarçar a origem ilícita” da grana. A aquisição do veículo ocorreu através da empresa Bezerra Publicidade e Comunicação, de propriedade de Deolane. Em seguida, o carro foi vendido à Pay Brokers, empreendimento vinculado a atividades de lavagem de dinheiro, ainda segundo as investigações. A polícia identificou que Solange, mãe da influenciadora, recebeu vários pagamentos dessa companhia.

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Polícia Civil de Pernambuco também levou a mãe de Deolane Bezerra, Solange Alves Bezerra.
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Deolane e a mãe
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Venda de carro fez mãe de Deolane entrar na mira de investigadores

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Deolane e a mãe

Ao determinar a prisão de Deolane e da mãe dela, a Justiça de Pernambuco destacou que o Coaf já tinha emitido um alerta de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD) em nome de Solange Bezerra em 2022. Segundo o parecer, ela é “envolvida em mídia negativa juntamente com suas sócias citando supostas atividades relacionadas a tráfico de drogas e sonegação fiscal, sem informação de registro profissional e com participação societária em duas empresas dos ramos de confecção de roupas e atividades de cobrança”.

O relatório do Coaf afirma que a mãe de Deolane movimentou “valores acima de sua capacidade financeira”, com “alta fragmentação nas contrapartes e rápida evasão de recursos”. De acordo com o documento, os valores eram arredondados e geralmente enviados em parciais de R$ 10 mil, R$ 15 mil e R$ 20 mil. Solange recebeu e enviou as quantias para a Pay Brokers, de propriedade de Edson Lenzi, outro investigado.

O documento informa que os depósitos partiam de uma conta com o mesmo titular e de duas empresas de intermediação de pagamentos. Já os saques, além de serem parcialmente devolvidos para as mesmas empresas intermediadoras, foram em parte transferidos para outra empresa do mesmo setor, dificultando a identificação clara da origem e do destino dos recursos.

As suspeitas cresceram porque várias descrições dos pagamentos continham o nome do filho de Deolane, Kayky, “indicando possível uso da conta para passagem de valores em benefício de terceiros”. O Coaf aponta que, enquanto isso, Kayky enviou R$ 750 mil para uma outra empresa intermediadora de pagamentos, a Zelu Brasil.

Veja o relatório do COAF que embasou prisão de Deolane

Eis o relatório do COAF que faz referência à advogada e influenciadora Deolane Bezerra e sua mãe, Solange Bezerra:

“A BEZERRA PUBLICIDADE E COMUNICAÇÃO LTDA, CNPJ nº 42.332.399/0001-58, (que pertence a DEOLANE BEZERRA SANTOS) adquiriu e revendeu um veículo de alto valor em um curto
período. Esta transação, juntamente com o fato de que o veículo foi comprado por uma empresa vinculada a atividades de lavagem de dinheiro, sugere uma tentativa de ocultar e disfarçar a origem
ilícita dos recursos. A compra e venda rápida de um bem de alto valor é um método clássico de lavagem de dinheiro, e neste caso, a associação com a mãe de DEOLANE BEZERRA, SOLANGE
BEZERRA, apenas reforça os indícios.”

“SOLANGE ALVES BEZERRA, genitora de DEOLANE BEZERRA, recebe e remete dinheiro para PAY BROKERS COBRANÇA E SERVIÇO, investigada dos autos e PIXS BRASIL COBRANCA E SERVICO de EDSON LENZI, investigado e sócio da PAY BROKERS. Nesse aspecto, tem-se que trazer à baila trecho da representação policial que aduz ao que diz o COAF: “Trata-se de cliente de 55 anos, atualmente em seu primeiro alerta PLD [prevenção de lavagem de dinheiro] – possui data recente de criação de conta (11/2022) – envolvida em mídia negativa juntamente com suas sócias citando supostas atividades relacionadas a tráfico de drogas e sonegação fiscal, sem informação de registro profissional e com participação societária em duas empresas dos ramos de confecção de roupas e atividades de cobrança.”

“Organização criminosa”

O relatório do Coaf prossegue: “Solange Bezerra é mãe da Deolane Bezerra, influenciadora digital amplamente conhecida. Atualmente movimentando valores acima de sua capacidade financeira, com alta fragmentação nas contrapartes e rápida evasão de recursos, além de valores frequentemente arredondados na unidade de milhar sem justificativa encontrada para tal ‘R$15.000,00’, ‘R$20.000,00’, ‘R$10.000,00’ etc.”

“Suas entradas foram oriundas de conta de mesma titularidade e de duas empresas do ramo de intermediação de pagamentos, e suas saídas, além de parte ter sido triangulada de volta para as empresas intermediadoras de pagamentos, que aparecem também nas entradas, parte ainda foi transferida para outra empresa desse mesmo ramo, o que dificulta o entendimento da origem e destino dos recursos. Some-se as suspeitas, o nome preferencial (Kayky) e o e-mail de cadastro (kaykybt10@gmail.com), que remetem a nome de terceiro, junto com mensagens PIX recebidas nomeadas como: “pagamento 50% publicidade kayky bezerra”, “segunda parte kayky bezerra”, indicando possível uso da conta para passagem de valores em benefício de terceiros. (Filho da Deolane que já remeteu 750 mil para Zelu)”.

“O panorama financeiro revelado pela investigação indica a existência de uma rede organizada de ocultação de recursos, que parece ter origem em atividades ilícitas. As transações analisadas
revelam um padrão sofisticado de lavagem de dinheiro, que compromete gravemente a transparência e a rastreabilidade dos recursos envolvidos. A análise detalhada dos fluxos financeiros
aponta para a presença de uma organização criminosa, denominada ORCRIM, que está envolvida em diversas atividades ilegais.”

“Entre essas atividades, destacam-se a lavagem de dinheiro, operações de jogo de azar, e a exploração tanto de jogos físicos quanto de jogos online. Essa rede criminosa utiliza métodos complexos e camuflados para disfarçar a origem ilícita dos fundos, mantendo um esquema que desafia os mecanismos convencionais de controle e fiscalização. A gravidade da situação demanda uma resposta robusta e coordenada das autoridades para desmantelar essa estrutura criminosa e restaurar a integridade do sistema financeiro e jurídico. Assim, diante das circunstâncias acima mencionadas deve o Poder Público lançar mão das medidas adequadas à restauração da paz social, a qual pode ser abalada pela conduta delitiva.”

Pedidos de prisão de Deolane e outros suspeitos

Na sua decisão, a juíza Andrea Calado da Cruz considerou necessária uma “resposta robusta e coordenada” das autoridades para desmantelar o que considera uma organização criminosa complexa, envolvida em atividades como lavagem de dinheiro e operações de jogo de azar físicos e online.

“Não vislumbrando, para o momento, nenhuma outra medida cautelar menos gravosa capaz de garantir a ordem pública, ACOLHO o requerimento formulado pela autoridade policial e
acolho a manifestação do Ministério Público de Pernambuco e, por conseguinte, decreto as prisões preventivas, suspensãodo passaporte e do certificado de registro de arma de fogo e eventual porte de arma de fogo dos representados”.

No total, foram expedidos 18 mandados de prisão na Operação Integration, que mobilizou 170 agentes no Recife (PE), em Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba (PR) e Goiânia (GO). Além disso, foi determinado o sequestro de bens e valores que ultrapassam a casa dos R$ 2 bilhões.

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