Bolsonaro não declarou fuzil e pistola a órgão que registra presentes
Fuzil e pistola dados a Bolsonaro nos Emirados Árabes não foram registrados no Departamento de Documentação Histórica da Presidência
atualizado
Compartilhar notícia
Jair Bolsonaro não declarou ao Departamento de Documentação Histórica (DHH) da Presidência da República ter ganhado de presente, em visita aos Emirados Árabes, um fuzil e uma pistola da marca Caracal.
As armas foram trazidas ao Brasil no avião da Força Aérea que transportou a comitiva presidencial, em 2019, como mostrou o colunista do Metrópoles Guilherme Amado. No Brasil, elas foram declaradas à Receita Federal, que liberou sua entrada no país.
No entanto, a pistola e o fuzil não foram apresentados ao órgão da Presidência responsável pelo registro e guarda de presentes destinados ao mandatário do Executivo.
A informação foi dada pelo Departamento de Documentação Histórica em resposta a questionamentos da Unidade de Auditoria Especializada em Governança e Inovação do Tribunal de Contas da União (TCU).
A equipe é responsável pela auditoria do órgão nos presentes recebidos por Bolsonaro durante seu governo.
A auditoria foi determinada em acórdão do TCU no processo que apura a entrada no país do conjunto de joias da marca Chopard recebido pelo ex-presidente em 2021, também dos Emirados Árabes.
Parte das joias acabou sendo apreendida pela Receita Federal. Outro pacote foi entregue a Bolsonaro pelo então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque. Por determinação do TCU, tanto as joias quanto as armas tiveram que ser devolvidas pelo ex-presidente à União. O fuzil e a pistola foram entregues à Polícia Federal.
Na resposta ao questionamento do TCU, o DHH afirmou que “quanto aos itens ‘fuzil, marca Caracal, modelo CAR 816 (…)’ e ‘pistola, marca Caracal, modelo 1911 (…)’, eles não constam nos registros do InfoAP relativos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de modo que a Diretoria de Documentação Histórica não possui informações a seu respeito”.
O fuzil Caracal calibre 5,56 presenteado a Bolsonaro pode custar até R$ 42 mil. Já o valor da pistola calibre 9mm pode chegar a R$ 15 mil.
Sobre as joias da marca Chopard no valor de R$ 16,5 milhões, o Departamento de Documentação Histórica disse que o único registro encontrado foram as comunicações entre o ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e a Receita Federal. O militar tentava a liberação das joias pela RF.
“Acerca de ‘estojo de joias, no valor total de R$ 16,5 milhões (…)’, o item não consta nos registros do InfoAP relativos ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Todavia, foi identificado um processo administrativo, na plataforma SUPER, que trata desse conjunto de itens. Ele é composto por dois ofícios assinados pelo Sr. Mauro Cesar Barbosa Cid, então Chefe da Ajudância de Ordens do Presidente da República, e endereçados ao Sr. Júlio Cesar Vieira Gomes, então Secretário Especial da Receita Federal do Brasil. Nos ofícios, consta a seguinte informação: ‘Os bens acima descritos foram ofertados ao Presidente da República pelo Reino Unido da Arábia Saudita’”, afirma o DDH.