Taumaturgo Ferreira lembra saída de Renascer, em 1993: “Fui cancelado”
Em 1993, ele saiu da novela no meio da trama e depois desse episódio, fez algumas minisséries e breves participações em produções da Globo
atualizado
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Em O Cravo e a Rosa, novela que acaba de voltar ao ar na Globo, foi um dos marcos da carreira de Taumaturgo Ferreira, que hoje tem 65 anos. Na trama de 2000, o ator viveu o caipira Januário e considera o trabalho uma volta por cima depois de ter sido “cancelado” em Renascer, de 1993.
Antes do sucesso na história de Walcyr Carrasco, o ator vinha passando por um período turbulento profissionalmente. Em 1993, ele saiu de Renascer no meio da trama. Depois desse episódio, Taumaturgo fez algumas minisséries e breves participações em produções da emissora.
“Eu fui cancelado. Durou seis anos. Queriam que eu fizesse uma coisa mais rural, da Bahia. Eu tinha combinado com o diretor que meu personagem (José Venâncio) não teria sotaque nem falaria “oxente” e “painho”. Porque ele era um cara que tinha estudado fora, mais sofisticado, namorava uma hermafrodita… Eu não via sentido. Combinei com o diretor para não fazer. Só que se esqueceram de combinar com os russos (risos). Aí me picharam, disseram que eu fazia um papel muito afetado e sofisticado para aquela família. Fui sentindo uma resistência. Me expulsaram no capítulo 50 ou 60, não lembro. E nessa hora aparece todo mundo que não vai com a sua cara para chutar cachorro morto. Então, o Januário foi minha volta por cima na Globo. Foi uma grande oportunidade de mostrar que eu também poderia fazer um papel não só do irreverente, blasé e debochado”, disse ele em entrevista a Patrícia Kogut, de O Globo.
Ele diz que o ocorrido o marcou profundamente: “Se te expulsam de uma novela, quando você faz outras, fica aquela sensação de que a qualquer momento podem te tirar. Demorou para passar isso. Nem sei se passou, sabia? Quando está todo mundo adorando, aí você se esquece disso. No momento em que me tiraram, eu nem me dei conta. Não dei muita atenção para isso. Só fui vendo como se refletiu na minha carreira anos depois. Nunca fui arrogante. Quem me conhece sabe que sou um doce de coco. Compenetrado e aplicado. Amo o que faço. Não fico me promovendo, dizendo que sou o ator do método, que estudo. Mostro isso no dia a dia. Embora tenha feito vários trabalhos em que me portei dessa maneira, fiquei com pinta de cafajeste, rebelde, sei lá o quê. Eu até poderia voltar atrás, mas não ia fazer sotaque num personagem que já estava no ar. Depois disso, minha carreira despencou, não tinha mais contrato longo. Aí fui para a Record (em 2006), fiquei lá nove anos”.