Streamings modernizam novelas e investem nas telesséries: entenda
Netflix e HBO Max querem reformular os folhetins brasileiros apostando em flexibilidade e nova linguagem
atualizado
Compartilhar notícia
Desde que os serviços de streaming chegaram ao Brasil, um tema parece onipresente na discussão: a produção de novelas para as plataformas. A Globoplay, com Verdades Secretas 2, tomou a dianteira do processo, porém, nos últimos dias, Netflix e HBO Max começaram a se posicionar. E, para isso, tem apostado em um novo formato: telesséries.
“As telesséries são um formato híbrido de narrativa, que busca combinar a base do melodrama tradicional (que faz muito sucesso na América Latina) com o ritmo das séries que o público da plataforma se acostumou a consumir. São obras fechadas [totalmente escritas antes de gravar], com cerca de 50 capítulos e que pretendem trazer uma modernização do gênero folhetinesco”, contou Mônica Albuquerque, head de Talentos Artísticos da WarnerMedia Latin America.
Durante o evento Mais Brasil na Tela, realizado nessa terça-feira (23/11), a Netflix confirmou que está produzindo telesséries para o Brasil. A gente não vai fazer a novela clássica que dura o ano inteiro, que tem um encontro marcado todos os dias, escrita como um livro aberto, que sente a reação do público. Será uma obra fechada”, antecipou Elisabetta Zenatti, nova chefe de conteúdo do streaming.
Nessa corrida, a HBO Max parece estar à frente: o serviço de streaming está montando um time de talentos que conta com o veterano Silvio de Abreu – recém-saído da Globo –, Raphael Montes. Carina Russi e Camila Pitanga.
“É um trabalho voltado para o texto. Temos o desafio de encontrar essa maneira híbrida de escrever e temos muito o que aprender, pois esse desenvolvimento está voltado para o público do streaming, que tem hábitos de consumo específicos. A partir dos resultados dos primeiros projetos, vamos fazendo ajustes e evoluindo. Apostamos nas telesséries, pois o espectador latino sempre vibrou, torceu e se emocionou com histórias melodramáticas”, completa Mônica.
“Criar narrativas e trazer temas relevantes que façam com que a audiência se envolva, se identifique e gere impacto na sociedade são combustíveis para este desafio que, tenho certeza, vai render muitos projetos incríveis”, vibra Silvio de Abreu.
Obra fechada
As duas recentes maiores apostas da Globo na teledramaturgia adotaram o modelo de obra fechada. Um Lugar ao Sol e Quanto Mais Vida, Melhor! estrearam com todos os capítulos gravados, mudança impostas pelas dificuldades de gravação durante a pandemia. A se basear pela arracanda, ambas as obras tiveram desempenho ruim na audiência.
Um dos pontos apontados por especialistas do setor é que as novelas estão sofrendo por conta da grade: ao serem exibidas diariamente, em um horário fixo, não estariam conseguindo prender a atenção do público, cada vez mais acostumado com o modelo sob demanda dos streamings.
Atenta a esse movimento do público, Mônica Albuquerque avalia que as telesséries do streaming terão que priorizar essa liberdade do público.
“A flexibilidade e comodidade que o streaming proporciona estão diretamente ligadas ao ritmo e estilo de vida que observamos atualmente, onde a conveniência é justamente ter o conteúdo on demand onde e quando quisermos. Acreditamos que é exatamente aí que a proposta das telesséries pode aprimorar a experiência do telespectador”, acredita a executiva.
Apesar de ter produções confirmadas, nem Netflix nem HBO Max anunciaram as telesséries que estão em desenvolvimento no momento. A “locadora vermelha”, segundo apurou a coluna, trabalha em um remake de Dona Beija, que teria Grazi Massafera no papel principal.
Reprovada
Nos bastidores, a Globo reconhece que não aprova o modelo “fechado”. Segundo fontes ouvidas pela coluna, uma das dificuldades é comerical, já que os investidores temem investir em uma novela que não pode ser mudada ao longo da exibição. Os autores também não estariam satisfeitos, já que o formato impede mudanças no texto para agradar aos telespectadores.