Série criada a partir do Twitter, Eu, a Vó e a Boi estreia na Globo
Exibida originalmente no Globoplay, série saiu das redes sociais para a TV
atualizado
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Uma história que saiu das redes sociais para a TV. Apesar de nada convencional, Eu, a Vó e a Boi tem a vida real como pano de fundo. A série exibida originalmente no Globoplay irá ao ar na TV Globo pela primeira vez a partir desta segunda-feira (22/11), após Conversa com Bial.
Em 2017, Eduardo Hanzo decidiu compartilhar com seus seguidores no Twitter a bélica – e muitas vezes cômica – relação de inimizade entre sua avó e a vizinha dela. A história viralizou e chamou a atenção da autora Gloria Perez, que, assim como um grande número de internautas, acreditou que a postagem divertida na rede social renderia um roteiro de televisão.
Nas mãos de Miguel Falabella, a narrativa deu origem a uma série de humor ácido, com personagens muito inusitados e, ao mesmo tempo, absolutamente comuns. “Eu e a Gloria conversamos bastante e ela foi muito importante no meu processo de escrita. Tive dela uma mão segura, carinhosa e afetuosa que foi fundamental. Essa história chegou para mim no momento em que o país estava mais polarizado e com o ódio muito cultivado. Então eu liguei as duas coisas e fiz uma série que tem muito ódio e o rancor. Para essa narrativa, parti de uma notícia que li na época de que 75% dos jovens não têm qualquer esperança no país. Da história principal do Eduardo, transformei a vizinha em avó. As duas senhoras do conflito são as avós materna e paterna do narrador”, conta o autor.
A trama traz uma história de inimizade de mais de 60 anos. Uma guerra declarada entre duas vizinhas capazes de tudo para prejudicar a vida uma da outra. De um lado, Turandot (Arlete Salles); do outro, Yolanda (Vera Holtz), a “Boi” – apelido dado pela primeira, ao concluir que “vaca” está fora de moda. Ninguém sabe quando tudo começou, mas já aposentadas, viúvas e, portanto, dispondo de tempo livre o suficiente nas mãos, nenhuma delas tem a menor intenção de propor um tratado de paz. Em meio a esse embate, o neto em comum, Roblou (Daniel Rangel), tenta sobreviver ao ambiente hostil onde foi criado e se agarra à única oportunidade que encontra em seu caminho: Demimur (Valentina Bulc), menina cheia de sonhos com quem descobre as alegrias e as dores do amor. É pelo seu ponto de vista, um tanto fragilizado, que o público acompanha as constantes desavenças entre as duas senhoras.
A narrativa se passa na Tudor Afogado, uma rua cinza e monocromática, inspirada no subúrbio do Rio de Janeiro. Separadas por uma vala que praticamente materializa a aura de ódio e rancor entre as vizinhas, vivem frente a frente as famílias das duas. Por ali, ninguém escapa ileso dos boicotes diários praticados pelas matriarcas. Quando Norma (Danielle Winits) e Montgomery (Marco Luque), filhos das rivais, se apaixonam perdidamente, tudo parece sentenciado ao caos eterno. Ao longo dos episódios, os personagens surgem em cena com reações e atitudes que beiram o absurdo. “Os personagens são todos alucinados, as relações são alucinadas. São fatias de emoção. Eles reagem aos estímulos das situações propostas. É como se fosse a toca do coelho da Alice, em que a gente mergulha e vai viver esse universo paralelo. Para passar essa sensação para o público eu queria sugerir flertar com a linguagem do gamer. Temos um protagonista que quebra a quarta parede e fala com o público. Às vezes ele narra com distanciamento, às vezes narra contando um flashback, às vezes narra no momento presente, afetado pelo que está acontecendo, com um pequeno olhar para o público. Eu comecei a enxergar o público como uma figura participante e invisível do nosso universo. É como se eu desse um joystick e ele criasse um avatar invisível dele para acompanhar a história”, explica o diretor artístico Paulo Silvestrini.