Por que A Viagem ainda faz sucesso após 30 anos da exibição original?
Reprisada duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo e duas no Viva, a novela entrou para o catálogo do Globoplay
atualizado
Compartilhar notícia
Considerada uma das novelas mais marcantes de todos os tempos, A Viagem chegou ao Globoplay pouco tempo depois de fazer sucesso no Viva. Mesmo depois de 30 anos de sua exibição original, a trama de Ivani Ribeiro continua encantando os telespectadores. Mas por que o público continua voltando para ver a mesma história de novo?
“Eu creio que o sucesso dessa novela é muito significativo, porque em momentos instáveis e de angústias, A Viagem acaba sendo um antídoto. Eu percebo que ela tem esse lugar no coração das pessoas, traz conforto, apaziguamento, consolo”, opina Christiane Torloni. A atriz ainda ressalta a relação com sua personagem: “Com todas essas reprises, ela é como uma fênix: ela vem, reacende, incendeia e traz de novo toda a luz sobre esse tema incrível. A Diná se tornou uma grande parceira minha, com certeza”.
Na época da novela, a curiosidade em torno das questões ligadas ao espiritismo que eram abordadas no enredo fizeram com que a venda de livros relacionados aumentassem 50%. Os números de audiência foram bastante expressivos, e A Viagem acabou sendo a novela mais vista do horário das 19h em toda a década de 1990, com média geral de 52 pontos de audiência. É tão querida pelo público que já ganhou duas reprises no Vale a Pena Ver de Novo – uma em 1997 e outra em 2006 – e duas no Canal Viva, em 2014 e 2021. Foi ainda lançada em DVD num box que resume seus 167 capítulos em 37 horas divididas em 14 discos, no ano passado.
Abaixo, listamos alguns motivos que fazem da novela um sucesso em qualquer tempo.
A temática espírita
Com uma história que envolve vida após a morte e espíritos obsessores, A Viagem fala sobre assuntos que tocam no imaginário, na curiosidade e até mesmo na fé dos telespectadores. A trama emociona com a mensagem de que a vida não acaba e que o amor dura até depois da morte, e ainda leva o público a sonhar com universos para além de sua compreensão. Cláudio Cavalcanti contou que recebia muitas cartas de telespectadores dizendo-se reconfortados por suas palavras na novela. As cartas eram dirigidas ao seu personagem, o médium Dr. Alberto.
Casal querido
Talvez A Viagem tenha sido o único caso em que o público sempre torce para a mocinha morrer e encontrar o amado no paraíso. O casal formado por Otávio (Antônio Fagundes) e Diná (Christiane Torloni) se tornou um dos mais queridos da história da teledramaturgia. Os dois atores esbanjaram química em cena e cativaram o público, que queria que Diná morresse logo para encontrar Otávio.
A trama ganha um novo rumo com a morte de Otávio, após um acidente de carro, também provocado por Alexandre. Diná e Otávio passam a viver um amor transcendental, que supera todas as barreiras. Distante, ele manda sinais à amada na Terra. Ela acaba adoecendo, morre e parte ao seu encontro. Finalmente, juntos em outro plano, em um lugar denominado Nosso Lar, os dois agem juntos para neutralizar a má influência de Alexandre sobre os vivos.
Vilão diferente
O personagem que conduz as tramas é Alexandre (Guilherme Fontes). Rico e desajustado, ele tenta roubar o cofre da empresa em que trabalha, mas é pego em flagrante e entregue à polícia pelo irmão Raul (Miguel Falabella), e o cunhado, Téo (Maurício Mattar). Além disso, é abandonado por sua namorada, Lisa (Andréa Beltrão), e não consegue advogado para defendê-lo. Alexandre é condenado e, sem esperança, comete suicídio na prisão. A partir de então, seu espírito passa a infernizar a vida de todos que julga responsáveis por seu trágico destino. As cenas de Alexandre como espírito obsessor viraram meme, gif e sempre fazem sucesso.
Laura Cardoso lembrou que as cenas em que sua personagem, Guiomar, era obsidiada pelo espírito de Alexandre eram exaustivamente ensaiadas, para transmitir credibilidade ao telespectador. Segundo a atriz, algumas crianças chegavam a ter medo dela por causa das cenas em que Guiomar assumia uma expressão de ódio.
Cenários
O Paraíso, lar das almas boas após a morte, também foi representado na novela, após a o acidente fatal de Otávio e o infarto fulminante de Diná. Para fugir das imagens estereotipadas de representação do “céu cristão”, o local escolhido para representá-lo era nada menos do que um campo de golfe em Nogueira, no distrito de Petrópolis, na região serrana do Rio. O Vale dos Suicidas, para onde Alexandre segue após sua morte, foi ambientado em uma pedreira desativada no bairro de Niterói.
Mistério
Outro personagem que deu o que falar e que despertou a curiosidade dos fãs da novela foi o Mascarado. Interpretado por Breno Moroni, o Mascarado é na verdade Adonay, homem que sofreu um grave acidente no passado e que teve seu rosto desfigurado e, por isso, se esconde atrás de uma máscara. Especulação por parte do público durante toda a exibição da novela, o rosto e identidade do Mascarado foi revelada na fase final, ao se declarar para sua antiga paixão, Carmen (Suzy Rêgo), que foge com medo de sua aparência.