Para Silvio de Abreu, demissão de Zé Mayer foi plantada por feministas
Novo supervisor de séries na HBO Max, autor afirma que grupos feministas pressionaram a Globo para punir o ator
atualizado
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Demitido da Globo no ano passado e contratado pelo HBO Max para supervisionar a criação de séries folhetinescas na plataforma, Silvio de Abreu falou, pela primeira vez, sobre os bastidores de momentos tensos na antiga emissora — como o afastamento do ator José Mayer após acusação de assédio, em 2016.
“Minha análise é que foi um escândalo muito mais plantado por grupos do que qualquer outra coisa. Foi uma atitude bastante cafajeste do Zé Mayer, mas sacrificar uma carreira brilhante e útil para a empresa como a dele foi decorrência da baita pressão de grupos que a diretoria recebeu. Naquele momento, fomos obrigados a tomar aquela decisão”, disse o autor em entrevista à Veja.
Sem papas na língua, Silvio de Abreu afirma que sabe de onde surgiu a pressão pela punição de José Mayer, acusado de ter assediado uma figurinista durante as gravações de A Lei do Amor. “De quais grupos o senhor fala?”, perguntou o repórter: “Grupos feministas. Foi tão bem organizado que a novela acabou na sexta-feira e no sábado as pessoas já estavam com camisetas onde se lia ‘Mexeu com uma, mexeu com todas’. Já tinha uma coisa armada em cima disso. Existia uma pressão também de vários atores — mas mais de atrizes — pela punição. O Zé Mayer foi um bode expiatório. Volto a dizer que não estou defendendo a atitude dele. Não sei o que aconteceu de verdade entre ele e a moça, só fiquei sabendo de coisas que ocorriam aqui e ali. Foi uma decisão da diretoria de afastá-lo definitivamente. Se tivesse passado um tempo, as pessoas iriam refletir melhor. Mesmo tendo errado e sendo cafajeste, ele é um ator de belíssima carreira. A punição foi muito pesada”, diz o novelista.
Autor de sucessos como Guerra dos Sexos, Rainha da Sucata, A Próxima Vítima e Belíssima, ele afirma que o ator merecia uma segunda chance: “Eu batalhei muito na Globo para que ele tivesse uma segunda chance, mas não tive apoio. Precisaria de um grupo de apoio feminino. Não adiantava juntar um monte de homem para reivindicar isso. Aí seria uma atitude machista. Tinha de ter mulheres, e não consegui. Mesmo entre as que falaram que achavam uma injustiça, nenhuma assumiu isso publicamente. Quando as atrizes me procuraram, e eu não vou citar nomes, para dizer “Ah, que injustiça”, eu dizia para que nos juntássemos e fôssemos à diretoria falar isso. Elas voltaram atrás”.